DA CIDADE MAURÍCIA

E da cidade Maurícia, com o sol esquentando o volume intenso de água do Velho Chico logo atrás da gente, o dia despertou às seis da manhã. O café era servido até as dez, motivo que me fez apressar para não o perder.

As ruas estreitas relembravam um passado longínquo. A Igreja de São Gonçalo logo na esquina e o Teatro 7 de Setembro, que dá nome ao dia em que eu venho aqui, bem na nossa frente, que nos recebeu ontem as cinco da tarde cantando “A Banda” do Chico, completava a aura de passado e futuro que essa cidade respira.

Do calçamento colocado manualmente ainda dava para escutar o atrito dos cascos dos cavalos puxando as charretes. Enquanto as fachadas com eira, beira e tribeira se aprontavam fielmente, atendendo às badaladas dos sinos das igrejas ao anunciarem mais uma celebração.

Era uma manhã calma de domingo, esse meu sete de setembro de 2008. No entanto, o mormaço típico de cidade ribeirinha parecia o mesmo à época da cidade Maurícia. Talvez não totalmente, nossos tempos atuais são mais quentes, com certeza, mas o rio era o mesmo. O calçamento. As igrejas. O céu.

Daqui a pouco, logo após o almoço, as ruas estreitas se encherão de gente. A calmaria dará lugar a agitação, a Penedo de hoje homenageará a Independência do Brasil, com coturnos brilhantes pisando forte nos calçamentos antigos. Com cornetas e sirenes. Fardas e espadins. Coberturas e bandeiras.

E eu estarei ali. Espremendo-me entre a multidão para ver de pertinho o meu soldado espartano. Vê-lo no meio dos sessenta com o coração palpitando, nesse dia de hoje em que eu estava andando pela cidade e “o meu amor me chamou para ver a banda passar cantando coisas de amor.”

Madalena Sofia Galvão Viana
Enviado por Madalena Sofia Galvão Viana em 26/05/2010
Reeditado em 26/05/2010
Código do texto: T2281825
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