Uma Questão Poética
Primeiro que gostaria de desculpar-me pelo sumiço... Minha vida tem andado uma loucura e está me sobrando pouco tempo para organizar tudo, mas aos poucos tudo entra nos eixos.Resolvi reativar meu antigo blog:
http://nascidaemversos.blogspot.com/
Se alguém tem blog também, gostaria de comentar e etc... Sinta-se a vontade.
Falei isto pois que em uma das minhas postagens lá surgiu uma discussão sobre a dificuldade em compreender/interpretar a poesia e como esta falta de entendimento acaba gerando comentários genéricos; Algo que, de fato, acabo experimentando aqui neste espaço - e garanto que outros tantos blogs do meio também enfrentam. Em resposta a esta busca pela compreensão aos versos, vários dos blogueiros e dos comentaristas delimitaram semelhantemente: Poemas são para serem sentidos, seus significados podem ser muitos. Surgiu então um embate:
http://nascidaemversos.blogspot.com/
Se alguém tem blog também, gostaria de comentar e etc... Sinta-se a vontade.
Falei isto pois que em uma das minhas postagens lá surgiu uma discussão sobre a dificuldade em compreender/interpretar a poesia e como esta falta de entendimento acaba gerando comentários genéricos; Algo que, de fato, acabo experimentando aqui neste espaço - e garanto que outros tantos blogs do meio também enfrentam. Em resposta a esta busca pela compreensão aos versos, vários dos blogueiros e dos comentaristas delimitaram semelhantemente: Poemas são para serem sentidos, seus significados podem ser muitos. Surgiu então um embate:
Com relação a poesia, o que vale é absorver o real sentido dos versos ou liberar para a imaginação de cada um?
Confesso que acho um pouco complicado assumir a responsabilidade de afirmar qual a maneira correta das poesias serem interpretadas. Portanto, já aviso que o meu intuito com esta postagem é apenas expor a minha visão desta área da literatura e, de certa forma, ajudar quem fica alheio aos encantos das estrofes por racionalizar demais. Com isto dito, vamos a minha análise pessoal:
Num âmbito geral, o primeiro contato que temos com a poesia é durante as aulas de português, onde a professora impunha versos previamente escolhidos e praticamente "mastigava" as palavras e os significados, mostrando exatamente o período em que o Poeta viveu, um pouco sobre a sua vida e o que aquela poesia representava dentro deste contexto. O que é muito bom dentro da didática e, principalmente, para a preparação pré-vestibular. Contudo, a poesia tornava-se maçante para a maioria dos estudantes, que se viam obrigados e limitados a compreender a estrutura, a métrica, aos movimentos literários e, apenas no final, uma interpretação positiva das estrofes.
Foi isto o que eu vivenciei até encontrar a educadora Elídia Bastos. Minha professora de literatura no terceirão causou grande impacto quando entrou na sala e, assim sem mais nem menos, declamou um poema. Ela mudava a entonação, fazia gestos, sentia as palavras. Para quem não estava acostumada com aquela balbúrdia bem intencionada soou um tanto estranho, mas quando ela acabou nós havíamos compreendido a poesia. Sem conhecer o autor, sem se preocupar com o período, sem conexão com a gramática, compreendemos. A partir daí não mais se lia, mas sim, vivia-se a poética.
Claro que o exemplo que acima levantei foi procedido da análise formal, afinal, não era um simples deleite do escrito que se propunha; Também não acredito, tratando-se de um grande nome da literatura, que o simples vivenciar dos versos supra o conhecimento empírico... São muitas nuances, muitas particularidades, que com certeza passariam despercebidas e não seríamos capazes de ver o tamanho da genialidade na junção daquela exata escolha de vocábulos. Mas isto é conversa para um outro dia - hehehe.
Tudo o que se é escrito, foi feito com algum propósito. Na faculdade escolhemos o tema da monografia, do TCC ou whatever com cautela - criamos um problema e objetivamos uma solução. Com a eleição partimos para análise das situações, os estudos, a busca pela resposta. Da mesma forma são os textos líricos; Só que ao invés de criar toda uma cadeia de informações para solucionar uma pergunta, persegue-se a expressão: Pura, simples, primária, sentimental.
Nesta ânsia por expor-se, por libertar o que está nos recantos obscuros da alma, do pensar, o poeta vai além do comum e faz uso de jogos para não apenas falar, mas dar essência as tonalidades precisas daquele fragamento seu. Porque a poesia é sim um fragmento do próprio autor.
Para melhor elucidar isto, eu comparo o mencionado jogo com aquela famosa brincadeira de associação que o nosso cérebro tão bem é capaz de fazer "tal palavra me lembra tal que me faz pensar em tal". Ou seja, quando em meus versos vou falar sobre um determinado assunto, não quero que seja uma sentença, quero um contexto. Como no caso da poesia da Penny Lane; eu usei a personagem do filme Quase Famosos para explicar o papel da música em mim. Eu poderia ter dito simplesmente: A música é muito importante para mim. Entretanto, isto não seria suficente, não explica o que ela me causa. Daí citei o Rock, o Blues, o Soul ... Estes ritmos possuem sensações em si enraizadas - rebeldia, tristeza e profundidade, respectivamente.
Assim, não basta passar os olhos sobre o texto e saber que isto soa bonito; Nem serve apenas sentir e adorar algumas das impressões que passam a conjunção de fonemas. Há que se entender a temática principal do lavrado, conjuntamente com a astúcia dos sentidos, para poder enfim compreender o porquê do poeta e a alma ali estampada. É preciso VIVER A POESIA.
Viver a poesia. Parece um tanto complicada esta ideia, até porque o conceito de viver já uma confusão danada. Pense comigo: Se os versos são retratos dos sentimentos, e o sentir é parte desta experiência pessoal e mística que é o cotidiano, qual outra forma de provar desta fotografia em letras senão a vivendo?
O sentimento não é vida, é VIVO - nem que isto seja apenas dentro de cada pessoa. Ele tem as suas vontades e desejos, ele consegue aclamar-se e agitar-se conforme as experiências, ele se alimenta do que presenciamos, ele modifica-se com o tempo, cresce/amadurece, até mesmo esmorece. Na poesia tudo isto é registrado, notando o poeta ou não.
Por isto eu repito: Não só pense, não só sinta, viva a poesia. Entre na viagem que o autor propôs: Aquele ritmo desenhado pela pontuação é a partitura, o embalo escolhido para a trajetória; O destino é o tema, então não tenha pressa em chegar, curta os detalhes saborosos da estrada; O clima varia conforme as sentimentalidades expressadas, não tema ver a raiva ou o amor de perto... Siga engajado em viajar. Quem sabe, ao final, a surpresa não seja delciosamente familiar?!
Está aí a minha humilde opinião. Não se atenha apenas a ela, não. O que funciona para mim, pode ser uma verdadeira porcaria para você. Somos tão complexos que seria até burrice minha exigir que existisse apenas uma fórmula certa. Peço o seguinto, no entanto: A próxima vez que encontrar uma poesia em seu caminho, dê mais atenção, mais uma chance a ela... Muitas vezes o caminho trilhado é mais interessante que o próprio destino.