Júlio (Pescador de Sonhos)

Julio era o mais engraçado. Vivia rindo e fazendo rir. Achou engraçado quando a casa de sua mãe foi invadida pelas águas da imensa maré alta que surgiu de repente numa noite de lua cheia. Os móveis assim como seus brinquedos de madeira ficaram encharcados e quase Perdidos.

A casa de pau a pique foi novamente reformada e colocada mais para cima do barranco. Seus brinquedos adotados pelos vizinhos se transformaram em novos heróis e sobreviveram.

Era alegre a despeito da miséria e da falta de sonhos de seus pais. Conformados com as situações difíceis colocavam no destino e na natureza o futuro de todos eles.

O menino ia sempre até o molhe de pedras para ver os grandes navios entrarem no canal de acesso ao porto. Ali formava os seus sonhos de grande navegador como comandante dos imensos navios cargueiros abarrotados de containeres. Imaginava as grandes maquinas a 80 km por hora sob seu comando mar adentro.

Era ali também que via o seu pai, o mestre Rodrigão chegar com a baleeira cheia de pescados. Ora sardinhas, ora anchovas, robalos, tainhas, e peixe-espada.

Júlio saia dali correndo descalço sobre a areia da praia acenando para o barco que se perdia de vista, nas quebradas do rio Itajaí.

Divertia-se soltando pipas e jogando bola com os seus amigos.

Cresceu olhando para o mar.

Não conseguia imaginar o seu futuro longe dele.

E assim o tempo passou e os grandes sonhos foram diminuindo de tamanho.

De comandante aos grandes cargueiros já se conformaria em comandar a pequena baleeira de seu pai.

Em determinado dia mestre Rodrigão, velho e com pouca visão achou que era hora de passar o cargo e o Esperança para Júlio.

E assim se fez...

E assim se faz.

As realidades mudam de formas e por vezes reconhecemos que a nossa determinação nem sempre é do tamanho dos nossos Sonhos.

Permance entretanto, sempre a Esperança que e levada de pai para filho como um Rio por onde seguem os Sonhos...

Robertson
Enviado por Robertson em 16/05/2010
Reeditado em 17/05/2010
Código do texto: T2261045