CRÔNICA DOS SOLITÁRIOS


Você já foi chamado de desmancha prazeres? Se não foi chamado de desmancha prazeres, pelo menos de espírito de porco, já! Não já? Mas se você já foi chamado das duas coisas você também já deve ter chamado alguém disto tudo. Para que este papo inútil? Por que costumo deixar o melhor para o meio da crônica e por enquanto estou só introduzindo a conversa.

Agora vem o papo sério. Você já foi chamado de benzinho, amorzinho, flor de cactos ou espinho de laranjeira? Já te disseram que sem seu amor a vida não teria sentido apesar dos pesares ou demais implicâncias do cotidiano? Que sem você o sol brilha pouco e nem as estrelas do céu conseguem fazer da noite uma coisa mais bonita?! Claro que sim! Aposto que está com o sorriso da pasta de dente pensando no seu amor ou ex amor que de tudo isso entende.

Mas se você me disser que nada disso acontece ou já aconteceu contigo, eu vou pensar que então você não estaria aqui se isso fosse verdade. Você estaria lá encomendando o caixão mais barato para o enterro de seu porta-retrato com o epitáfio dizendo: Nunca amei e nunca fui amado.

Da vida eu só conheço laços que desfaço. Onde passo morro, onde penso que vivi, a ninguém pedi socorro e o silêncio mortal tomou conta de mim. Qualquer coisa acabou matando meu melhor encontro com um outro e esta falta do encontro determinou o meu fim.


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Marília L Paixão
Enviado por Marília L Paixão em 13/05/2010
Reeditado em 14/05/2010
Código do texto: T2254234
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