DE LOUCOS

De louca como eu não sei se existem muitas como por aí. Que acorda amando e vai dormir odiando. Que chora sem razão e ri das piadas sem graça, numa risada tão empolgante que chega até a ser engraçado.

Louca que ao entrar no ônibus esquece em qual ponto descer, que jura já ter visto o dia que apenas começa a passar por seus olhos às sete da manhã.

Que assiste televisão por acaso e que toma café sem vontade, só pra sentir o gosto na boca.

Perturbadas que acreditam cegamente em suas opiniões e num segundo após se descobre errada.

Falar sobre isso talvez não tenha sentido, nem acrescente nada, não sei. Só sei que se dizer sã não é mais preciso do que se dizer louca, ou parecer-se louca. A porta que separa os dois lados não tem trinco, abre automaticamente, como porta de shopping. Basta um passo.

Quem sabe não existam dois lados, mas um só. Com pinceladas de cada um em proporções distintas. Há quem diga que seja uma questão de hormônios, bipolaridade, estresse da correria, muita pressão, não sei. Só sei que pareço sã, mas por vezes me descubro louca. De saudade, de excesso, de diálogo.

Mas pensar sobre isso requer muito tempo, muita divagação e conclusões vãs. Requer sabedoria que eu não tenho, e “a sabedoria do homem é loucura diante de Deus”.

Madalena Sofia Galvão Viana

11.05.2010

Madalena Sofia Galvão Viana
Enviado por Madalena Sofia Galvão Viana em 12/05/2010
Reeditado em 13/05/2010
Código do texto: T2251730
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