Hoje é dia...
O relógio do computador e o do meu pulso também e o da sala de jantar não fica atrás: já é primeiro de maio, dia do Trabalho. No entanto para mim ainda é dia 30 de abril – só vou me sentir em maio depois que dormir e acordar. E é esse o relógio que respeito – o meu relógio biológico.
Estava há poucos minutos com um livro na mão – Todo dia é dia – Brasil – Almanaque de Cultura Popular. Seus autores, Elifas Andreato e João Rocha Rodrigues. Gosto de almanaques. São divertidos, cheios de informações interessantes, curiosidades. Não é necessário lê-los de uma só vez. A gente abre em qualquer página e fica satisfeito com o que lê. Não abri em qualquer página – procurei exatamente o dia 30 de abril.
Ali fiquei sabendo que nessa data Dorival Caymmi estaria fazendo noventa e dois anos. Morreu quatro meses depois de completar noventa. Foi doce poder me lembrar desse compositor tão importante para a nossa música popular. É doce morrer no mar, mas não foi no mar que esse baiano cheio de saudades de sua terra morreu. Suas canções fazem parte do que houve de melhor em nosso cancioneiro: Saudades da Bahia, Samba de minha terra, Marina, Maracangalha, Não tem solução... O que é que a Baiana tem? Ele pergunta e responde e com essa música Carmem Miranda se transformou em ...Carmem Miranda, o arquétipo da mulher brasileira para o mundo.
Ao lado das informações sobre Caymmi, uma lista com as comemorações do mês de abril – são trinta dias, em cada dia uma comemoração diferente. Explicado o nome do almanaque fui lendo uma por uma as comemorações e me espantando. Que coisa mais ridícula, tem dias para se comemorar as coisas mais esquisitas.
O almanaque não diz, não na página que abri, mas todos sabem que dia primeiro de abril é o dia da Mentira. Mas eu não sabia que dia três era o dia da Verdade. Primeiro se mente depois se desmente. Devia haver um mecanismo interior que nos obrigasse realmente a seguir essas datas: assim, o que disséssemos no dia primeiro, todos saberiam que era mentira. Mas no dia três, tudo o que disséssemos seria verdadeiro. Seriam datas excepcionalmente boas para que os políticos se apresentassem aos seus eleitores. Embora saibamos que mentem todos os dias do ano, no dia primeiro suas falsas verdades seriam desmascaradas e no dia três, confirmadas. O difícil seria encontrá-los nesses dias.
Dia seis de abril é o dia da Velha. Não do Velho, com abrangência para os dois gêneros. Mas da Velha. Seria um dia muito bom para que se realizassem em todas as cidades o concurso de Miss Velha. Ou ainda para que todas as velhas fizessem o que quisessem fazer, desde as coisas que já podem, como andar de ônibus de graça, mas também as que não podem, como por exemplo, ter direito a ir para os salões de beleza para ter Um dia de Velha e fazer tudo de graça para ter a ilusão de que não seria tão velha assim. Sete dias depois, no dia treze, é o Dia do Jovem, que já comemora todos os dias mesmo, portanto é uma data redundante.
Sei que o dia 23 é o Dia Nacional do Choro. Sei e não me deixam esquecer, porque nesse dia nós sempre abrimos as portas do Centro Cultural da Estação Costa Pinto para que o Grupo Amigos do Choro se apresente. Nesse dia também Pixinguinha comemorava seu aniversário. Sei também que o dia 21 é o dia de Tiradentes e que se dia se transformou também no dia de Brasilia por obra e graça de seu fundador. Que dia 22 é o dia do Descobrimento do Brasil todos sabem, mas será que alguém fora dos meios agropecuários é capaz de saber que também é o dia do Boi?
Bem, o tempo está passando, o meu corpo inquieto pede cama. Quer que amanhã chegue logo, para comemorar o Dia do Trabalho, descansando. Mas não éjusto esse dia cair em um sábado, quando não trabalho mesmo. É como se eu estivesse perdendo um dia do meu direito de descansar. Por outro lado gostaria que me fosse explicado: por que no dia do Trabalho o trabalhador não trabalha? Seria mais coerente que nesse dia se comemorasse o Dia do Descanso do Trabalhador. Mas esperar coerência dos humanos é um tanto quanto complicado. 01/05/2010
O relógio do computador e o do meu pulso também e o da sala de jantar não fica atrás: já é primeiro de maio, dia do Trabalho. No entanto para mim ainda é dia 30 de abril – só vou me sentir em maio depois que dormir e acordar. E é esse o relógio que respeito – o meu relógio biológico.
Estava há poucos minutos com um livro na mão – Todo dia é dia – Brasil – Almanaque de Cultura Popular. Seus autores, Elifas Andreato e João Rocha Rodrigues. Gosto de almanaques. São divertidos, cheios de informações interessantes, curiosidades. Não é necessário lê-los de uma só vez. A gente abre em qualquer página e fica satisfeito com o que lê. Não abri em qualquer página – procurei exatamente o dia 30 de abril.
Ali fiquei sabendo que nessa data Dorival Caymmi estaria fazendo noventa e dois anos. Morreu quatro meses depois de completar noventa. Foi doce poder me lembrar desse compositor tão importante para a nossa música popular. É doce morrer no mar, mas não foi no mar que esse baiano cheio de saudades de sua terra morreu. Suas canções fazem parte do que houve de melhor em nosso cancioneiro: Saudades da Bahia, Samba de minha terra, Marina, Maracangalha, Não tem solução... O que é que a Baiana tem? Ele pergunta e responde e com essa música Carmem Miranda se transformou em ...Carmem Miranda, o arquétipo da mulher brasileira para o mundo.
Ao lado das informações sobre Caymmi, uma lista com as comemorações do mês de abril – são trinta dias, em cada dia uma comemoração diferente. Explicado o nome do almanaque fui lendo uma por uma as comemorações e me espantando. Que coisa mais ridícula, tem dias para se comemorar as coisas mais esquisitas.
O almanaque não diz, não na página que abri, mas todos sabem que dia primeiro de abril é o dia da Mentira. Mas eu não sabia que dia três era o dia da Verdade. Primeiro se mente depois se desmente. Devia haver um mecanismo interior que nos obrigasse realmente a seguir essas datas: assim, o que disséssemos no dia primeiro, todos saberiam que era mentira. Mas no dia três, tudo o que disséssemos seria verdadeiro. Seriam datas excepcionalmente boas para que os políticos se apresentassem aos seus eleitores. Embora saibamos que mentem todos os dias do ano, no dia primeiro suas falsas verdades seriam desmascaradas e no dia três, confirmadas. O difícil seria encontrá-los nesses dias.
Dia seis de abril é o dia da Velha. Não do Velho, com abrangência para os dois gêneros. Mas da Velha. Seria um dia muito bom para que se realizassem em todas as cidades o concurso de Miss Velha. Ou ainda para que todas as velhas fizessem o que quisessem fazer, desde as coisas que já podem, como andar de ônibus de graça, mas também as que não podem, como por exemplo, ter direito a ir para os salões de beleza para ter Um dia de Velha e fazer tudo de graça para ter a ilusão de que não seria tão velha assim. Sete dias depois, no dia treze, é o Dia do Jovem, que já comemora todos os dias mesmo, portanto é uma data redundante.
Sei que o dia 23 é o Dia Nacional do Choro. Sei e não me deixam esquecer, porque nesse dia nós sempre abrimos as portas do Centro Cultural da Estação Costa Pinto para que o Grupo Amigos do Choro se apresente. Nesse dia também Pixinguinha comemorava seu aniversário. Sei também que o dia 21 é o dia de Tiradentes e que se dia se transformou também no dia de Brasilia por obra e graça de seu fundador. Que dia 22 é o dia do Descobrimento do Brasil todos sabem, mas será que alguém fora dos meios agropecuários é capaz de saber que também é o dia do Boi?
Bem, o tempo está passando, o meu corpo inquieto pede cama. Quer que amanhã chegue logo, para comemorar o Dia do Trabalho, descansando. Mas não éjusto esse dia cair em um sábado, quando não trabalho mesmo. É como se eu estivesse perdendo um dia do meu direito de descansar. Por outro lado gostaria que me fosse explicado: por que no dia do Trabalho o trabalhador não trabalha? Seria mais coerente que nesse dia se comemorasse o Dia do Descanso do Trabalhador. Mas esperar coerência dos humanos é um tanto quanto complicado. 01/05/2010