NÃO FUI EU...
Quando o vento da madrugada soprava frio por entre as gretas da janela, ouvia-se o ranger da porta que dava acesso ao lugar sagrado. Traspassando o limiar da porta via-se uma mão que através do tato procurava agoniada o interruptor que lhe tiraria do escuro da noite.
Como o interruptor daquele ambiente celestial não se encontrava no lugar tradicional, resolveu enfrentar as trevas do medo e caminhou mais adiante onde, interrompido por uma banqueta, se viu atirado ao chão em meio a ofícios e livros de louvor. Levantando-se, recompôs-se e foi direto ao objetivo que o levara até ali.
Reencostando-se junto a um pequeno armário, o qual era guardião dos sagrados, retirou daí uma garrafa de cobiçada bebida juntamente com uma vasilha de ázimos.
Com a ânsia de um glutão, devorava as partículas acompanhadas da canônica bebida. Comia-as como quem come pipoca numa sessão de cinema.
Quando surgiu os primeiros raios solares, fora surpreendido, pelo sacristão daquela semana, atirado ao chão com a garrafa tombada de um lado e a vasilha de outro. Sem que o sacristão dissesse algo já negava insistentemente em meio a soluços que não havia feito o que ele estava pensando.