MAS JONAS JÁ TINHA PERDIDO TUDO
O domingo teria sido comum não fosse ele lá dentro do caixão sem sorrir. Vontade de tirá-lo de lá e sacudir o corpo até que ele dissesse que não faria mais aquilo. Onde já se viu um jovem de 16 anos tão aplicado e cheio de entusiasmo pelos estudos tomar vários comprimidos de uma vez sem precisar de nenhum?
O irmão mais velho tinha ido ao carnaval na noite de sábado e os pais e irmãos se arrumaram para um casamento e ele decidiu não ir. Pensava em partir deste mundo? Mas como se na mesma semana havia começado um curso novo de Inglês e na sexta comprara um dicionário para a disciplina todo confiante? Nem preciso dizer que era um dos alunos brilhantes.
O que não sabíamos sobre ele era que com o pai não muito bem se relacionava. No velório a mãe de sete meninos não mais chorava e já passava a ser mãe de seis. Quem sabe suas lágrimas tinham secado pela manhã deste domingo assim que encontraram o corpo não atendendo ao pedido de “ACORDA!”. Acorda brother! Acorda ou vamos perder o ônibus! Mas Jonas já tinha perdido tudo.
Agora, O que dele me resta são umas avaliações ainda por corrigir e um vazio sobre seu novo mundo. Até então tudo parecia normal enquanto ele transitava cordialmente entre todos.
11/04/10