RECANTO DO CARINHO

Levada por uma amiga, voluntária, para visitar outro recanto – o Recanto do Carinho, em Florianópolis, creio que um anexo do Hospital Infantil – tive oportunidade de conhecer as instalações da entidade assistencial e suas características.

Trata-se de um local onde são assistidas crianças e adolescentes portadores de HIV – muitos já órfãos de pais também soros-positivos.

Minha primeira impressão foi de pena, mas depois esse sentimento transformou-se ao ver o carinho que as voluntárias têm com aquelas crianças. Alguns recebem atenção exclusiva, devido a estados diversos que a necessitem. Soube que homens também colaboram no atendimento aos menores, cuidando da segurança e outros atendimentos.Realmente, há muito carinho ali naquela casa.

São crianças limpas e aparentemente saudáveis, correndo nos espaços de recreação como qualquer criança comum. Infelizmente, elas contabilizam uma parcela considerável de mártires da insensatez, irresponsabilidade e loucura da nossa época. Vi mocinhas pintando as unhas e usando pintura; fiquei imaginando que daqui a uns três ou quatro anos já serão consideradas “maiores”, sairão dali, inevitavelmente estarão namorando e, possivelmente, disseminando sua semente, caso não tenham um sólido apoio. Não é fácil com nossos próprios filhos e deve ser mais difícil, ainda, com um adolescente saído de uma entidade estigmatizada.

Sem antecipar resultados e sabendo que não há solução para eliminar a chaga, decidi aderir à causa e farei meu cadastro para o voluntariado. De alguma maneira vou tentar ajudar aquele pessoalzinho e ser útil ali naquele Recanto.