Chuva
Chove. Os pingos d'água que caem do céu, formam rios que correm pelas ruas, batem nas calçadas como cachoeiras.
Pássaros emudecidos, encolhem-se empoleirados nos galhos das árvores, sob as folhas.
Triste fica o dia sob a luz esmaecida do alvorecer. Faz frio.
A caminho de seu trabalho, taciturno, tenta não se deixar envolver pela monotonia do dia que se avizinha.
Seus passos ecoam como seu caminhar, lento.
Ela não sai de seu pensamento. Achou que o mais sensato seria o rompimento, não sabia ser tão difícil, envelhecera mais em seis meses do que em vinte anos.
Amor platônico dura tanto como fumaça de cigarro lançada ao vento, assim pensava, não imaginava o tanto que se enganara, ela estava dentro dele, de sua mente, de seu coração, de sua alma.
Os pingos da água da chuva misturam-se com suas lágrimas, não quer ser melancólico nem melodramático, mas é apenas um homem apaixonado que rende-se ao amor e dele não sente vergonha.