PAZ-Neila Costa
GUERRA
Neila Costa
Quando criança,
Nada me foi dito sobre os amantes
Da guerra.
Puseram uma venda sobre meus olhos,
Mas os gritos
Romperam a barreira dos temores.
Vi o mármore ensangüentado
E lavado pelo sangue
Dos corpos dos pobres coitados,
Humanos desorientados,
Sofredores de uma guerra
Que ha muito lhes dilaceram.
Pus-me a pensar na paz perdida
Desses anos,
Deste mundo inquieto
E sem sonhos,
Que desfila sob os meus olhos
Um rosário de dor e de pranto,
Que ensopa, por vezes,
A nossa própria e cruel realidade.
Mundo sem paz, sem tranqüilidade...
Hoje amortecida pela guerra,
Sinto-me qual criança encharcada de medos,
Amortecida pelos desenredos
De uma guerra absurda,
Pelo som das explosões dos seus mísseis
E blindados
Que não são brinquedos...
E lanço meu olhar
Sobre o infinito azul do céu
E sinto que a paz tem fome de amor
E do poder de Deus.
Daí então, procuro um abrigo
Para a minha alma cansada,
Que inconformada,
Percorre caminhos, contando as cruzes
E os espinhos, desta jornada.
Quando penso no árido homem,
Frio, desumano,
Lanço-me nos braços aconchegantes
Do Onipotente,
Que me dá o privilégio
De observar uma rosa branca,
Que naquele instante
No chão germina.
Seria essa a resposta que Deus me mostrava
E eu não enxergava?
E foi dessa maneira,
Em oração,
Que a Ele pedi para os homens,
Perdão.
Que eles se preocupassem,
De modo eficaz,
Em dar ao mundo
Um pouco de paz!