OPACOS E TRANSPARENTES
“Há tantas coisas de que falar e tantos motivos para calar...”
Esta frase gerou-se em mim depois de alguns acontecimentos e conversas experimentadas por aí. A mim, sempre coube escancarar pensamentos e atitudes sem medo de que os “alguéns” ou os “outros” pudessem discordar e, com isto, se chocar.
A mim, sempre existiu dois tipos de pessoas: as transparentes e as opacas, e (suspeito que por herança genética) desde pequena escolhi fazer parte do primeiro grupo.
Sabe aquelas pessoas que nos primeiros minutos da conversa você consegue enxergar a alma e o coração como se fossem o bolso e os botões da camisa? Adoro pessoas assim!
E, sem querer querendo, (como diria Chaves, o imortal) vou mergulhando em seus mundos cristalinos e não quero mais sair.
O tempo (e os opacos) já cansou de me alertar que se andar por aí desnuda numa sociedade tão bem vestida de disfarces, conveniências e subordinações é puro risco. Sei disso!
Quem, em sua insana transparência, já não sentiu na pele a ardência do açoite dos indignados, dos horrorizados, dos escandalizados? Quem, em sua estranha mania de falar o que sente e pensa, não sentiu o fio da navalha dos puritanos, dos partidaristas, dos classistas? Quem, na nudez audaciosa da alma, não sangrou por palavras ditas, por ações cometidas, por pensamentos rebeldes revelados?
Todos! Sem exceção! Qualquer “alguém” que tenta ser, dizer e viver o que realmente é, sabe o risco que corre; conhece o perigo que o rodeia; sabe a coragem que necessita.
Mas,.... e daí?
Quer dizer, então, que temos todos que passar para turminha dos camuflados, mascarados, disfarçados?!!! Imagina se alguém tivesse dado este alerta a Jesus, o Cristo?!
Não, (pelo amor do pai!) não estou querendo dizer que todas as pessoas verdadeiras e auspiciosas que conheço sejam tal e qual o filho de Maria. Estou apenas querendo ilustrar que caras como Ele são raros, simplesmente porque a maioria de nós recua diante de um olhar repreensivo, uma opinião castradora, uma cara feia. A maioria dos seres prefere ser como todo mundo e treme de medo de ser o que realmente é.
Imagine um de nós subindo num monte e gritando para defender uma ideologia totalmente fora do contexto permitido... Sanatório na certa! Pois, o Cara foi lá e fez! Por isso Ele é o que é!
Mas, voltando aqui para os dias de hoje, e para frase com a qual iniciei este interlúdio do “ser ou não ser”, peguei a filosofia do finado Shakespeare e criei a minha fórmula de pensar: “nem oito, nem oitenta”.
Assim: posso não fazer tudo o que quero; posso não dizer (nem escrever) tudo o que penso, mas “jamé!” farei o que os “alguéns” querem que eu faça, ou direi (nem escreverei) o que “os outros” querem que eu diga. Sou o que sou no que faço e no que escrevo, sem medo. Eis a questão!
Escrever e por a culpa na amiga, na prima, na vizinha? Esta não sou eu! É coisa de gente opaca! Feliz (ou infelizmente) eu sou transparente.
Portanto, a escolha é sua: me leia ou me deixe!
Léia Batista
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