ELEFANTES, DRAGÕES E RINOCERONTES



Sua vida era lavar, limpar tudo, não deixar sujeira nenhuma.Chegava em casa e ainda tinha que limpar a bagunça do Geraldo. Porco! Ele era mais porco que seus patrões, mas nunca iria lhe dizer, até o dia em que ele a chamou de porca. Porca?! Ela que limpava tudo nesta vida?! Aquilo foi demais.

Sentiu vontade de entupir a boca do Geraldo de detergente. Podia ser do verde ou do vermelhinho. O imaginou com a boca espumando que nem as banheiras, vasos sanitários, taças e louças. Sentiu prazer e a imaginação crescia...Se antes era ofício, agora limpava até sentir o brilho voar para seus olhos límpidos.

Concentrou-se no detergente neutro. No sábado à noite Geraldo chegava meio porco de bêbado, tomava cachaça todo imundo. Ela chegou e sabotou os frascos com o líquido transparente. Ganhou detergente o desodorante rastro do Geraldo e também seu Lancaster. Caprichou no shampoo ! Um pouco também no filtro de água para a manhã de ressaca.

O ouviu cair ao entrar na cozinha. Ele se escorregou em algo....Branco de susto ele pediu uma água. Ela pegou duas taças. Tirou do congelador uma garrafa de um falso espumante. Serviu as duas doses de uma forma muito elegante. O detergente estava no ponto e conforme tinha imaginado, borbulhante. Depois que ele virou a bebida de um gole só, ela começou a soltar bolinhas de limpeza flutuante. Geraldo pensou que a cachaça era de um mundo errante. Ia usar a voz mas o que via eram elefantes, dragões e rinocerontes.



Marília L Paixão
Enviado por Marília L Paixão em 23/03/2010
Reeditado em 23/03/2010
Código do texto: T2154588
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