NARDONI e ISABELA

Por Carlos Sena




Isabela está morta. Os pais estão presos. O amor entre eles onde está?
Um advogado condena, outro defende, mas a verdade onde está? A mãe dela sabe com quantas lágrimas não se chora um filho; a mãe dele deve saber com quantas frases não quis saber: "onde foi que errei"?
O pai de Isabela deve querer saber "com quantas loucuras se fazem provas de amor"? A madrasta deve querer saber "por quantas paranóias terei que passar por um pouco de paz"?
A população deve querer saber se a justiça será mesmo feita; a justiça deve querer dizer que aos jurados lhes é dada competência.
O destino não deu a Isabela opção, talvez porque opção de anjo seja a vocação dos véus e destes, só o céu lhes compraz. Destino bom deixa de ser destino e vira menino: ela foi os dois. Por destino nos conduziu rumo às emoções, mesmo diante da banalização da vida pela falta de leis duras; por ser menina, talvez soubesse a sina de ser ponte entre o tráfico positivo do amor, a loucura e a razão - aos anjos Deus não dá sabedoria, mas voto do confiança.
Amanhã ou depois, a gente vai saber que o casal NARDONI (pai e madrasta de Isabela) está solto. Provavelmente separados. Certamente velhos, com um "saco" cheio de consciência pesada nas costas cercados de solidão por todos os lados. A gente poderá se perguntar: e o AMOR? Certamente ele, o PAI, respondera: está no céu! Ela, a madrasta, talvez sucumba lentamente entre o ostracismo, uma seita religiosa e um amontoado de Diazepan.


PARA NÃO FUGIR DO TEMA:

A VIDA IMITANDO A ARTE PELA TRAGÉDIA, ENVOLVENDO RELAÇÕES DE AFETO, MAS COM VÍTIMAS DE FATO. RESENHAS DO COTIDIANO QUE A GENTE VÊ NA TV E ASSISTE NA VIDA REAL, INFELIZMENTE. PODE SER EM SÃO PAULO, RECIFE, RIO DE JANEIRO, PORTO ALEGRE OU OUTRA CIDADE. A VIDA ESTÁ ACIMA DE LUGARES, DE CAPRICHOS, POSTO QUE É DOM DE DEUS E SÓ ELE TEM O DIREITO DE RETIRAR.

A SEGUIR, TRÊS RESENHAS DA VIDA BANALIZADA:

01 - Em São Paulo, o crime da menina Isabella chega ao júri popular. O país parece que pára diante da consternação que foi esse episódio. No episódio, Pai e madrasta de Isabella são acusados de tê-la asfixiada, arremessando-a, depois de morta, pela janela do sexto andar do prédio onde o Pai residia com sua nova mulher.
No Recife, dois crimes abalaram o estado de Pernambuco e o Brasil:
02 - O assassinato de Janiffer, alemã, casada com Pablo - brasileiro naturalizado italiano e pai de um garoto de três anos. Em férias no Recife, simularam o suposto assalto que resultou na morte de JANIFFER, DE 22 ANOS. Esse crime teve a participação direta do padrasto de Pablo, Ferdinando e de um vigilante desempregado contratado por DELMA. Esta, mãe de Pablo e principal mentora de toda a trama do crime. Um ex-detento foi envolvido por Delma para assumir a autoria dos disparos, mas ele procurou a TV Globo e denunciou a farsa que seria envolvido. Resultado: exceto o ex-detento, todos estão presos.
03 - Crime no Motel: três estudantes universitárias e dói rapazes que se dizem primos, foram ao motel, provavelmente praticar o "óbvio" grupal. De repente, tiros. Os vizinhos do quarto ligaram para a portaria e a polícia chegou e encontrou quatro pessoas no quarto, aparentemente dentro da normalidade. Ao retornarem, encontraram manchas de sangue no trajeto até o carro. Pediram para abrir a mala do corro quando, uma moça estava despida e MORTA com um tiro na cabeça. A cena mudou completamente: foi feito exame resido gráfico e encontrou-se resíduos de pólvora nos dedos de uma das moças. A polícia prendeu todos: uma por suspeita de assassinato e os demais por ocultação de cadáver. Mas a tese de todos os acusados é que se tratou de SUICÍDO. Dá pra crer?
Certamente estes episódios dariam um roteiro de filme. A violência no Brasil está virando modo de vida. Isto é um perigo, pois a vida começa, de fato, a não ter valor nenhum, principalmente diante de um código penal tão permissivo e tão cheio de recorrência e instâncias legalmente constituídas. Isto permite aos advogados deitarem e rolarem, enquanto a gente fica entregue à bandidagem das ruas e aquela disfarçada pelas pessoas de classe social elevada e dona de patrimônios financeiros relevantes.

PERGUNTAR NÃO OFENDE:

- O crime compensa?
- No nosso país tem compensado, mas com galhos de "ARRUDA" nas mãos a gente já pode VER uma luz no final do túnel.