FESTA DE FORMATURA (Dedico esta crônica à colega de Recanto das Letras, Anita de Cambuim)

****************************************************OBSERVAÇÃO IMPORTANTE: RESOLVI CONTAR ESTA HISTÓRIA PARA MIM ENGRAÇADA E INESQUECÍVEL DEPOIS DA LEITURA DO TEXTO DA ESCRITORA ANITA DE CAMBUIM, INTITULADO BOCA VAZIA EVITA ACIDENTES.

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Ensinava em um curso destinado à habilitação de professores, em um município dos mais importantes do Estado de Sergipe. Isto foi lá pras bandas de 70. Não digam que sou velha, eu me graduei muito cedo, aos 24. Muitos desses alunos já se encontravam lecionando e alguns tinham até o dobro ou mais da minha idade. Mas este detalhe verdadeiramente pouco importa. Estou apenas tentando dar maior graça ao texto.

A festa de formatura desse curso foi um acontecimento importantíssimo para os alunos e para toda a região carente de professores bem qualificados. Aconteceu algo triste, grave, no dia da festividade, mas disto não direi nesta crônica.

A festa durou uns três dias, da preparação ao baile. E mesmo com aquele infausto acontecimento ao qual me referi no parágrafo anterior, tudo foi bonito. Não faltou muita comida, bebida, reuniões à luz do luar, serenatas, alegrias compartilhadas com as famílias hospedadas no centro de formação magisterial.

No segundo dia, pela manhã, estávamos todos (formandos e professores) reunidos para o ensaio. Sim, ensaio da entrada na igreja, algo que seria melhor e mais belo que qualquer casamento, pois eram muitos os noivos e as noivas, pais, padrinhos e outros convidados, inclusive as mais importantes autoridades do estado e, naturalmente, do município. Ensaiava-se também o baile.

A reunião para o dito ensaio aconteceu num enorme salão. Todos alegres, cheios de vida e orgulhosos pelo objetivo alcançado. Uns ensaiavam discursos, poemas, falas as mais diversas. Outros treinavam os passos da valsa, tudo muito à vontade e no reino da alegria estudantil. Estudante é estudante, não importa a faixa etária.

Um dos formandos é o personagem principal desta narrativa, vamos chamá-lo de Zé. Com o que aqui direi mais, não é possível declinar-lhe o verdadeiro nome, pois será identificado com certeza.

Zé, oriundo do município de Maruim, terra de intelectuais, é moreno, magro, bem magrinho, desses que o vento pode carregar. Cantor lírico, bom professor, hoje um eminente mestre distribuindo sua competência em universidades, além de tantas outras atividades, inclusive na dramaturgia.

Estava Zé no salão lendo um discurso, caprichando na entonação, no gestual, na dramatização. Os colegas adoravam participar acompanhando a espontaneidade, a inocência, o desvelo e o prazer com que o rapaz se dedicava àquelas atividades. Era uma festa antes da festa.

Lá se ia Zé desfilando pelo centro do salão, fervilhando de alegria e ansiedade. Fazia gestos, trejeitos, poses. Parecia sentir-se filmado, fotografado, sendo capa de revista. E os assistentes de olho nele, rindo e aplaudindo.

Viva Zéeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee!!!!!!!!!!!

Nesse momento de euforia, saiu do fundo do salão uma estudante mais afoita querendo roubar a cena e correu na direção de Zé. Preparou-se e, enfim, chegando-lhe pelas costas, e em clima de brincadeira, empurrou o astro.

Zé tomou um sustão e, dando uma gingada no corpo magro, tentou não cair. Conseguiu. Entretanto, o par de dentaduras decolou de sua boca (sem a autorização da torre de comando) e saiu em vertiginosa e sorridente velocidade, pela encerada pista do salão de festas.