Texto para um dia de Empata-samba.
Alexandre Menezes
Desculpe-me meu Mestre Brincante. Confesso que poderia ser mais elegante na maneira de parar com a festa. Sei que logo o festejo segue adiante porque, mesmo um pouco distante, Mané do Baile e o Soldado aproximam feito duas feras.
Foram necessárias as ameaças à orquestra de banco. É que eu não queria que ela continuasse tocando, pois com uma moça precisava ter uma séria conversa. Além de negar-me a contradança ficou me esnobando. Tirou para dançar um galante que estava no canto que, prontamente, desencostou para atender ao pedido dela.
Rabeca, pandeiro, ganzá e reco-reco espero que tenham juízo. Caso comecem a tocar, quebro tudo se for preciso. Ninguém mais aqui desfruta a companhia da malvada donzela. Puxo a faca para quem for atrevido. Não dançará com mais ninguém até que dance comigo e quem se arriscar terá um talho no bucho: essa é minha promessa.
Recado dado não é sempre igual ao executado. Minha zanga acabou logo que chegou o soldado que já estava muito danado comigo. Zé do Baile anunciou que os festejos continuariam todos os dias até o reisado. Enquanto eu estava mudinho no banco a moça estava em outros braços rindo e dançando ao som do meu amargo castigo.
OBS- Ao povo e a cultura de Penambuco peço licença e desculpas. Antes que surjam críticas, o Empata-samba bem com o Cavalo Marinho foram apenas fontes de inspiração para o texto. Nele não há intenção de ser correto em relação ao tema porque falta conhecimento. Contudo, posso afirmar a existência de uma enorme paixão por tudo que envolva a cultura desse maravilhoso povo.