UMA HISTORIA
A noite estava quente!
No quarto do hotel da cidadezinha do interior, na região mais pobre do Estado, o homem teria que fazer uma difícil escolha: tentar dormir sem ligar o ventilador de teto e continuar a suar em bicas ou, ligando-o, enfrentar o ruído ensurdecedor que o mesmo produzia...
Definiu-se pela segunda opção. Sem televisão no quarto, pois a classificação do mesmo era de "várias estrêlas", de acordo com quantas ele pudesse contar no céu, deitou-se de costas, fechou os olhos e tentou deslizar os pensamentos.
Lembou-se dela, de uma de suas últimas mensagens. Do que disse o poeta sobre pensamento, coração e conflito...
Um sorriso esboçou-se em seus lábios. Depois lembrou-se da mensagem final, em que ela, usando de sua mente brilhante, comentava a encaminhada por ele, antes de iniciar aquela viagem.
Assim como ele, ela também confessara que estava balançada, dividida, surpresa, incrédula com o rumo que poderia estar tomando os seus sentimentos e não queria acreditar que "algo" estava acontecendo. É verdade, os dois ainda tinham assuntos pendentes a resolver, mas que poderiam ser ressolvidos.
Levantou-se, foi até a janela aberta, olhou o céu, tentou contar as estrelas... Desistiu! Fechou a janela, deitou-se novamente, fechou os olhos e antes de dormir, decidira: não a iria perder de jeito nenhum...
Logo depois, a lua saiu de detrás da serra...
E ele nem viu...