( I ) MODÉSTIA

Tratando-se de auto-estima, sinceramente, não sou nada modesta. Embora não saiba lidar com elogios, sei reconhecer minhas qualidades e alguns defeitos. É verdade que, em certas situações, se alguém chama minha atenção para uma falha, de imediato, minha tendência não é de dócil aceitação mas, depois, pensando melhor no assunto, aceito o reparo. Lógico que não com esta rapidez com que escrevo mas, com uma certa relutância. Às vezes revejo as circunstâncias, engulo sapos, orgulho ou lágrimas e retomo outro rumo.

Já fui mais cabeça-dura e impulsiva ” nos meus tempos “, mas agora (acho que é a tal experiência tão propalada) penso mais antes de agir. Não quero dizer, com isto, que atingi o ponto ideal para a convivência pacífica com os meus semelhantes e, consequentemente, atingi o nirvana tão almejado e quase inatingível. Apenas amadureci um pouco os meus ímpetos.

Com o passar dos anos certas resistências vão ficando mais moldáveis, ou vão enfraquecendo, mostrando que nem sempre vale a pena persistir numa opinião. Não vamos ficando maria-vai-com-as-outras, mas aprendemos que um momento de calor resultante de uma discussão pode colocar palavras ou atos que poderão causar rupturas às vezes irreparáveis.

Voltando ao tema inicial, a modéstia ou, no meu caso, a falta dela, minha opinião é a de que todo o artista é exibido e eu sou uma artista. Canto em público e não me intimido com os imprevistos. Certa vez cantei o Hino Nacional,de improviso, para preencher uma lacuna, num evento oficial e realizei minha performance a contento; sou uma boa oradora e já fui convocada à última hora para apresentar um ou outro evento.

Tenho muito orgulho da minha voz que, hoje aos 72 anos, continua boa até melhor, depois de eu haver deixado de fumar, há seis anos. Ainda ontem cantei Granada com “olés” do público

do restaurante onde me apresento, com os meus shows.

Sou exibida? Claro que sou...

Se o pintor não expuser suas telas, o escritor não publicar sua obra, e qualquer manifestação artística não for exibida, como serão conhecidos?

Sim, o artista não deve ser modesto e pode até exagerar, exibindo suas manifestações criativas, desde que não se mostre arrogante. Há que expandir talentos e incentivar os

pendores latentes que, precisam de estímulos para também

exibirem sua arte a aprimorá-la.