PREFIRO SEUS OLHOS, MADALENA!



Uma lágrima desce e cai no copo de suco. Descuido dos olhos que perderam o sorriso por um dia. Foi assim que atrevida ela diminuiu o doce da laranja. Vestiu-se com a vitamina C da fruta se sentindo uma falsa fanta. Poderia ficar ali um pouquinho, mas se demorasse ia voltar para o mesmo corpo de onde tinha saído sem vontade de renascer.

Tentou nadar para o fundo do copo. Primeiro pensou se poderia se apegar a borda e passar despercebida. Podia não funcionar assim como não funcionou sua tentativa de agarrar-se as pálpebras e não escorregar dos olhos. Mas quando escorregou nem pode dizer Adeus para Madalena, dona dos olhos de onde ela vinha.

E lá do copo não mais tinha um bom campo de visão da sua dona. Mas estava sofrendo tanto enquanto viu-se comprimida entre seus pequenos olhos que quando despencou sem espatifar-se seca no chão por conta do copo em suas mãos, pensou se era a sorte ou doce fim.

Mas e Madalena? Como estaria sem ela? Estaria melhor? – Você está se sentindo melhor, Madalena?! Se pudesse gritaria só para saber se sua saída bastara. Madalena ardia. Disso ela sabia. Madalena se pudesse enterraria o chão, pois já não via o céu quando começou a dar luz às lágrimas. Quisera ter-lhe dito que ela era sua lágrima de brilho ali ainda bem perto tentando não ir parar em seu estômago. Talvez doa, mas prefiro seus olhos, Madalena!


Marília L Paixão
Enviado por Marília L Paixão em 23/02/2010
Código do texto: T2102943
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