Pena que você não veio (EC)
Dentre as gafes cometidas, as mais constrangedoras talvez sejam as relacionadas às perguntas sobre aqueles que já deixaram este mundo. Certa vez, ao perguntar a uma amiga: “- Como vai a vó Beltrana?”, recebi a resposta: “- Deve estar bem, lá no céu”. Imaginem a minha cara como ficou ao ver o risinho da minha amiga.
Depois disto passei a usar de muita cautela ao perguntar sobre alguém doente ou que eu não vejo há algum tempo. Isto ocorre não só pelo fato de a pessoa não frequentar mais o mundo dos vivos, mas em razão de separações.
Ouvi o relato de uma amiga, mais cautelosa que eu, que ocorreu na frente da igreja ao encontrar uma conhecida, que normalmente estaria acompanhada do marido, mas que daquela vez estava sozinha. Como perguntar sobre o paradeiro do seu marido? Imaginei o seguinte diálogo:
- “Oi, Fulana. Tudo bem? Esperando alguém?”
- “Oi, Sicrana. Tudo certo. Até que estou...”
- “E o seu Fulano?”
- “No andar de cima”, disse a senhora movendo o indicador para o céu.
O que dizer numa situação dessas? “Meus pêsames” poderia ser demais, uma vez que não se saiba quanto tempo transcorreu desde a viagem para o “outro” andar, mas demonstrar alguma comoção pode se fazer necessário. Não neste caso. O Fulano, na verdade, apareceu em seguida ao lado da senhora Fulana. Estivera no mezanino da igreja resolvendo umas questões.
Creio que como último ato de vontade desta cara de pau, já lustrada e protegida até contra cupins, na gavetinha final poderia constar como epitáfio: “Pena que você não veio”.
Este texto faz parte do Exercício Criativo - Pena Que Você Não Veio
Saiba mais, conheça os outros textos:
http://encantodasletras.50webs.com/penaquenaoveio.htm
Dentre as gafes cometidas, as mais constrangedoras talvez sejam as relacionadas às perguntas sobre aqueles que já deixaram este mundo. Certa vez, ao perguntar a uma amiga: “- Como vai a vó Beltrana?”, recebi a resposta: “- Deve estar bem, lá no céu”. Imaginem a minha cara como ficou ao ver o risinho da minha amiga.
Depois disto passei a usar de muita cautela ao perguntar sobre alguém doente ou que eu não vejo há algum tempo. Isto ocorre não só pelo fato de a pessoa não frequentar mais o mundo dos vivos, mas em razão de separações.
Ouvi o relato de uma amiga, mais cautelosa que eu, que ocorreu na frente da igreja ao encontrar uma conhecida, que normalmente estaria acompanhada do marido, mas que daquela vez estava sozinha. Como perguntar sobre o paradeiro do seu marido? Imaginei o seguinte diálogo:
- “Oi, Fulana. Tudo bem? Esperando alguém?”
- “Oi, Sicrana. Tudo certo. Até que estou...”
- “E o seu Fulano?”
- “No andar de cima”, disse a senhora movendo o indicador para o céu.
O que dizer numa situação dessas? “Meus pêsames” poderia ser demais, uma vez que não se saiba quanto tempo transcorreu desde a viagem para o “outro” andar, mas demonstrar alguma comoção pode se fazer necessário. Não neste caso. O Fulano, na verdade, apareceu em seguida ao lado da senhora Fulana. Estivera no mezanino da igreja resolvendo umas questões.
Creio que como último ato de vontade desta cara de pau, já lustrada e protegida até contra cupins, na gavetinha final poderia constar como epitáfio: “Pena que você não veio”.
Este texto faz parte do Exercício Criativo - Pena Que Você Não Veio
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