LIBERDADE Art. 1

O núcleo e o centro de todos os problemas humanos, direta ou indiretamente, é a liberdade. Assim sendo, o enfoque próprio da pessoa humana na atualidade remete ao âmbito biológico, para examinar a partir da biologia, a reflexão filosófica, a biologia constitui certo preâmbulo à noção de liberdade do humano. Ela necessariamente apela para a experiência da liberdade.

O ser humano assume as suas situações e tem de resolvê-las livremente em virtude da sua experiência, ou seja, a pessoa que vive em liberdade é consciente de que decide livremente, ainda que a liberdade não seja tão ampla quanto se pensa, ou talvez sobre as decisões livres pesem os condicionamentos sociais e físicos. A prova direta da consciência da própria liberdade leva o ser humano a colocar os fundamentos no quais se apóia a liberdade. Para encontrar o fundamento da liberdade, a antropologia atual propõe partir do aspecto biológico do termo, para estabelecer daí uma síntese entre a dimensão biológica e a filosófica, e situar adequadamente a reflexão sobre a liberdade humana. A etologia colacionada proporciona os conhecimentos imperativos para entender o ser humano como um ser acessível para o mundo das coisas, do conhecimento e do querer, e como sendo capaz de elevar os sentidos à categoria de objetos. Ele pode abranger a própria maneira de ser dos objetos enquanto tais, isto é, como algo distinto do sujeito. Esta possibilidade de condescender cognoscitivamente à totalidade dos objetos, esta abertura universal, percorre todo o pensamento ocidental, e se plasma na afamada frase de Aristóteles: “O homem é, em certa medida, todas as coisas”.

A liberdade fundamental é a condição imprescindível da liberdade psicológica, já que, se não existisse esta abertura ao ser, não se poderia distinguir aquilo que é necessário do que é livremente querido. Pois é essa abertura que obriga a se tomar decisões ou a ser necessariamente livre. Tanto a liberdade fundamental quanto a liberdade psicológica não são livremente adquiridas. Elas são congênitas ao ser humano. Sendo assim, a indeterminação em que se encontram os entes, manifesta esta amplitude ou abertura que toda liberdade possui. A intrínseca liberdade do potencial intelectivo nas suas aberturas para o horizonte ilimitado do ser humano supõe também para a pessoa a capacidade de dispor de si mesma, de determinar por si mesma o ato; e isso pertence à sua capacidade volitiva. A pessoa humana se autodetermina, e por isso, requer à reflexão que caracteriza a liberdade.

Diante do que está sendo refletido, faz-se necessária a tomada de consciência de si mesmo, de um eu que capta a si mesmo, que é sujeito que se contempla o mundo como realidade de mundo e procura mudá-lo para melhor. Este sujeito que se sabe distinto do mundo se decide, e esta decisão é uma posse de si mesmo. O ser humano se distanciou de si mesmo, vivenciou de si mesmo como sujeito e tem assim um conhecimento suficiente de si mesmo para dizer EU e se comparar às coisas. O autodomínio é parte essencial da liberdade, e é dado pela auto-reflexão em virtude da qual o sujeito se conhece e julga as coisas. Não obstante esta capacidade de escolha podendo errar ou acertar, e fazer bom ou mau uso dela. A conquista da nossa liberdade moral está no aprendizado do uso correto da nossa liberdade natural.

Enquanto a liberdade fundamental e psicológica é inata ao ser humano, a liberdade moral se conquista através dos exercícios de ações livres enriquecedoras para o ser humano, que incrementam e ampliam a liberdade. As decisões acertadas ou erradas, vão forjando o modo de ser e vão abrindo ou fechando para novas possibilidades humanas.

A liberdade moral engaja o modo de ser de cada decisão da pessoa, e projeta-as para os outros. A liberdade moral é, antes de mais nada, criadora de liberdade, a finalidade da ação da pessoa é fazer os outros semelhantes participantes deste bem radical que é a liberdade. É impossível entender liberdade sem a idéia de compromisso e projeção para os outros. Pois uma liberdade que busque somente o seu próprio bem, a sua independência e emancipação dos outros, será uma vida esclerosada, fechada em si mesma, mas em nenhuma hipótese ampliará os limites e as possibilidades, que e o próprio da liberdade.

A liberdade realizada supera o plano do particular e tem projeção social. A sua plenitude no ser humano traz a expansão e a participação corresponsável com as outras pessoas. Assim sendo, a pessoa torna-se capaz de transcender os próprios interesses e fazer parte solidariamente dos interesses da comunidade. Quem pensa só em si mesmo é ainda prisioneiro de si próprio, ainda não é livre.

Refletiremos mais sobre isso.

É isso aí!

Acácio

Acácio Nunes
Enviado por Acácio Nunes em 18/02/2010
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