Vilchencias
O trem chegou e saiu no horário: eu já deveria ter me acostumado a essa precisão, mas ainda me surpreendo. À medida que avança, deixa para trás não apenas Seoul mas também a minha centenária quota diária de e-mails.
Já se passou 1 hora e teremos mais 1 até Busan, antiga Pusan que mudou de nome na época da Copa do Mundo para facilitar os turistas. Os coreanos são mesmo brincalhões...
Mas vamos seguindo, que não há nada mesmo prá fazer já que esqueci o livro no hotel, o Kindle ainda não foi inventado e a paisagem por aqui é muito apressada. Mas o que será que o Jorge tanto escreve?
O Jorge, hoje um dos meus melhores amigos, é um dos maiores clientes da empresa e eu o estou acompanhando nessa viagem para conhecer fábricas na Coréia e na China e, de quebra, para que passe a comprar as nossas máquinas e não as dos concorrentes. Ou Vocês imaginavam que essa vida de viajante não tem as suas diversões ?
Chileno. Isso já seria o suficiente para defini-lo, mas para ser redundante eu diria que como todo bom Chileno, o Jorge é extremamente focado no trabalho, mente matemática e financeira, muito inteligente, pouca prosa e muita demanda, intercalando um "huevon" em cada frase.
No Chile, essa expressão serve para elogiar ou difamar, dependendo do tom e do interlocutor. Assim como os Ingleses dão um jeito de colocar o "bloody" e os Americanos o "fuck", os Chilenos usam o "huevon".
_ Jorge, podrias decirme que tanto escrives. Yá no le dimos una condición muy especial para que tu tomes la decisión por comprarnos las máquinas y sigues haciendo tus cálculos?
_ Leo, mi amigo "huevon", ni si me regalaras todas las máquinas yo le diria lo que son esos escritos.
Só que o Jorge, além da mente matemática e financeira, ele também um "huevon" de marca maior, tem uma veia humorística e só queria ver com que cara eu ficaria após a sua resposta...
Logo me chama para sentar-me ao seu lado e convido Vocês também para espiar por sobre os ombros, ou melhor: vamos saltar um mês no tempo, pois essa movimentação toda no trem pode dificultar a leitura:
Recebo num envelope um livro com esse título: Vilchencias. Autoria: Jorge e com uma dedicatória: Leo, para que te animes a escrever sobre tus viajes.
O Jorge, último que eu esperaria que pararia o tempo, os cálculos e as observações para escrever sobre suas lembranças, seu pai, sua mãe e seus irmãos, suas brincadeiras com os amigos de infância, suas pescarias nos lagos Chilenos e passeios com a família nas montanhas. Um livro!
Era isso o que ele estava fazendo no trem, anotações que depois se transformam em livros e que nada tem a ver com cifras e negócios (ou, por outro lado e pensando melhor, têm tudo a ver).
Como eu, modesto "huevon", não me animaria a escrever também?
Portanto, se alguém tiver alguma reclamação quanto aos meus (ou do Leo Della Volpe, do Nilsson ou do Leonilsson) rabiscos aqui no Recanto, falem com o Jorge.
O trem chegou e saiu no horário: eu já deveria ter me acostumado a essa precisão, mas ainda me surpreendo. À medida que avança, deixa para trás não apenas Seoul mas também a minha centenária quota diária de e-mails.
Já se passou 1 hora e teremos mais 1 até Busan, antiga Pusan que mudou de nome na época da Copa do Mundo para facilitar os turistas. Os coreanos são mesmo brincalhões...
Mas vamos seguindo, que não há nada mesmo prá fazer já que esqueci o livro no hotel, o Kindle ainda não foi inventado e a paisagem por aqui é muito apressada. Mas o que será que o Jorge tanto escreve?
O Jorge, hoje um dos meus melhores amigos, é um dos maiores clientes da empresa e eu o estou acompanhando nessa viagem para conhecer fábricas na Coréia e na China e, de quebra, para que passe a comprar as nossas máquinas e não as dos concorrentes. Ou Vocês imaginavam que essa vida de viajante não tem as suas diversões ?
Chileno. Isso já seria o suficiente para defini-lo, mas para ser redundante eu diria que como todo bom Chileno, o Jorge é extremamente focado no trabalho, mente matemática e financeira, muito inteligente, pouca prosa e muita demanda, intercalando um "huevon" em cada frase.
No Chile, essa expressão serve para elogiar ou difamar, dependendo do tom e do interlocutor. Assim como os Ingleses dão um jeito de colocar o "bloody" e os Americanos o "fuck", os Chilenos usam o "huevon".
_ Jorge, podrias decirme que tanto escrives. Yá no le dimos una condición muy especial para que tu tomes la decisión por comprarnos las máquinas y sigues haciendo tus cálculos?
_ Leo, mi amigo "huevon", ni si me regalaras todas las máquinas yo le diria lo que son esos escritos.
Só que o Jorge, além da mente matemática e financeira, ele também um "huevon" de marca maior, tem uma veia humorística e só queria ver com que cara eu ficaria após a sua resposta...
Logo me chama para sentar-me ao seu lado e convido Vocês também para espiar por sobre os ombros, ou melhor: vamos saltar um mês no tempo, pois essa movimentação toda no trem pode dificultar a leitura:
Recebo num envelope um livro com esse título: Vilchencias. Autoria: Jorge e com uma dedicatória: Leo, para que te animes a escrever sobre tus viajes.
O Jorge, último que eu esperaria que pararia o tempo, os cálculos e as observações para escrever sobre suas lembranças, seu pai, sua mãe e seus irmãos, suas brincadeiras com os amigos de infância, suas pescarias nos lagos Chilenos e passeios com a família nas montanhas. Um livro!
Era isso o que ele estava fazendo no trem, anotações que depois se transformam em livros e que nada tem a ver com cifras e negócios (ou, por outro lado e pensando melhor, têm tudo a ver).
Como eu, modesto "huevon", não me animaria a escrever também?
Portanto, se alguém tiver alguma reclamação quanto aos meus (ou do Leo Della Volpe, do Nilsson ou do Leonilsson) rabiscos aqui no Recanto, falem com o Jorge.