O CABO, O MAJOR E O CORONEL
O CABO, O MAJOR E O CORONEL
Aconteceu numa Delegacia Especializada de Justiça de Minas.
O Cabo estava de serviço na área. O vigilante também estava de serviço, internamente, à Delegacia. O Major reformado ¨X¨, chegou por volta das 09: 00 h ao local, e, mais precisamente adentrando à Secretaria judicial, onde, cumpriria obrigação de apresentar-se mensalmente ao Juizado Criminal.
Tudo ia bem... Até que a servidora pediu um documento de identidade do Oficial. Ele lhe entregou a Carteira Nacional de Habilitação (CNH). A moça queria sua Identidade. Ele retrucou que a CNH era um documento. Então o inusitado: o vigilante adentrou à Secretaria e aproximou-se do Major. Ato contínuo achegou a antena do rádio, no ombro esquerdo, no nariz do abordado. Então: ¨que que é isto, rapaz? Você é policial? O vigilante nada disse, mas aproximou-se mais do abordado. Aí... Aí... O cabo que estava do lado de fora, no saguão, aproximou-se adentrando à Secretaria, indagando o que estava acontecendo... Antes da resposta foi aproximando-se do cidadão ( até então um cidadão ).
O cidadão saiu da ante-sala secretarial indo sentar-se no saguão. O cabo e o vigilante foram atrás. Sentado o cidadão foi instado a identificar-se, ocasião em que disse ser Major reformado. De imediato retirou a trouxa de documentos do bolso da calça preta, mostrando a carteira de Polícia ao cabo que a olhou e a devolveu ao Oficial. O cabo falou ao rádio-comunicador. O Major adentrou à Secretaria, assinou a folha de presença e pegou sua CNH das mãos da serventuária, saindo para o saguão.
O cabo e o vigilante aproximaram-se do Oficial, no saguão; aquele entregou sua CNH nas mãos do graduado dizendo: a Polícia tem meu endereço; tenho outros compromissos. E afastou-se a passos largos, isto já no andar térreo do prédio. Os dois envolvidos permaneceram no saguão, enquanto o Oficial se afastava.
Um mês depois o Major foi solicitado à Corregedoria, onde, lhe foi entregue sua CNH, por um servidor à paisana.
Passado alguns dias foi determinado ao Oficial comparecer à Corregedoria para ser investigado em Inquérito Policial Militar (IPM). Na data aprazada ele compareceu. Ele foi inquirido por um Major, não obstando ser o escrivão um graduado. Conforme o rito, julgou o Oficial, ser o último a depor. Ele depôs sua versão do episódio. O processo não lhe foi mostrado nem lhe foi dado conhecimento da oitiva dos envolvidos no processo.
No mês de janeiro de 2010 o Major reformado recebeu em casa, via correios, a homologação do IPM. Ele fora transformado em Réu por desacato ao cabo. E ainda teve a dita cuja publicada em Boletim Geral da Polícia Militar.
Até o Coronel Corregedor tomou a versão do cabo como ¨verdadeira e inquestionável e absoluta¨. E agora Major ¨X¨?
Agora, o Oficial se verá às barras da Justiça.
Agora, fica mais uma vez provada que os ¨Cs¨ mandarins continuam mandando: O Cabo, o Capitão e o Coronel!
O Major é apenas um detalhe... Como diria a Dorotéia Werneck... ¨ Brasil, nome sagrado...¨
F I M
Limagolf