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COISAS DO INTERIOR...
Semana passada voltava sozinha de uma viagem, dentro do ônibus via como a lua estava linda. Parecia cheia de vida. Sabe quando estamos apaixonados e sentimos que temos luz própria de tão iluminado fica o coração? Então! Deste jeito a Lua se exibia incrivelmente bela.
De repente ouço uma voz melodiosa, calma com um sotaque característico:
“- Oi, vó sou eu, fulana. Uai, não está reconhecendo a minha voz? Feliz Ano Novo. Quase um mêiss”. A jovem riu com aquela risada de felicidade e graça contagiando-me com sua alegria. Era dia vinte e nove de janeiro, por isso o motivo do riso. Imaginei que a avó havia perguntado pela vida na cidade grande, a jovem respondeu:
“- Tá bom demaiss, graças a Deuss”. Pelos uais e esticadas nas palavras, identifiquei-a como mineira. Logo em seguida ela mesmo foi dizendo coisas confirmando minhas certezas. Era inevitável não ouví-la. Parecia não se importar com os demais passageiros. E falava da família e ria e mais falava.
Havia ligado para falar sobre a festa de seu aniversário e da mãe. Na verdade a ligação foi para convidar a família a irem ao aniversário que irá acontecer no dia seis de fevereiro, sábado próximo.
Do outro ladao do ônibus, ouvia, absorvia a conversa e me vi rindo, sentindo-me feliz pela felicidade daquela jovem de voz suave e risada gostosa de quem realmente está alegre.
Pude contar cinco ligações para parentes. Ligava e pedia que avisassem aos outros familiares. Dizia que seria a festa do ano, com direito a bandas – de rock e MPB. Entre risadas e saudades, a jovem parecia tão amável com os parentes. Achei lindo aquilo. Foi o que me manteve atenta aquela conversa.
Enquanto falava, falava e ria ao celular, eu pedia a Deus que abençoasse a vida dela e que a festa seja um dia repleto de alegrias. Tudo saia melhor que o esperado. Depois de ter feito minha prece, ri sozinha porque havia feito uma oração para quem nunca vi, sequer conheço! A quem nem vi a face. Era uma voz e algumas falas que revelavam um pouco daquele coração e isto foi suficiente para desejar o bem e a felicidade a ela e a alguém mesmo não conhecendo ou estando próximo a mim.
E assim são aqueles que vêm para a cidade grande ou para outras cidades para trabalhar. Mesmo no corre-corre diário não esquecem a família e os amigos do interior. Não só do interior do estado ou do país, mas sim, daqueles que vivem no interior do coração.
Não pude ver seu rosto, quando desceu vi que era jovem, tinha os cabelos longos e cacheados. Durante as conversas usou os nomes Fernanda e Letícia. Não sei se dizia Fernanda ou Letícia para se identificar ou era a pessoa a quem se dirigia.
Bem, para a jovem que desceu em frente ao Hotel Bucsky aqui na cidade, agradeço pela lição de amor e família que deu, sem mesmo desconfiar. E assim como desejo sucesso com a festa, tenha sempre motivos para sorrir, sonhar e ser feliz todo o dia ao lado dos que ama.
E você leitor também, viu? Seja feliz todo dia, ao menos um pouquinho!rs