Vem cá
- veja bem, é que a vida simplesmente não gosta de mim. Ou melhor, acho que gosta, mas sou o amigo idiota dela...sempre aprontando comigo.
Como o de sempre eu estava bebado, mas isso já não seria nenhuma novidade naquele mÊs. Eu, meio cambaleando olhava para ela, ela não me via, mas eu fotografava tudo que podia de seu corpo ( ela sabe que eu adoro seu nariz) enquanto ela acendia um cigarro e a chuva tentava me ofuscar aquela cena que tanto me tocava o coração.
Acendeu o cigarro, pegou sua bolsa - que na verdade era de sua filha-, colocou o isqueiro dentro e cruzou os braços olhando para os que passavam. Eles a viam ( e como poderia não a ver?) mas ela parecia que não via a ninguém, olhava para os transeuntes com aquele olhar que procura saber o que está se conversando mas com um desprezo de " não me importa, não ajudará em nada pra mim"
Ela não me via e eu conitnuei ali querendo roubar todas aquelas cores e mas para não pintar nenhum quadro desse momento, apenas guardá-lo.
Ela falou com algúem do lado...pronunciou algumas palavras num lee soslaio e deu aquele sorriso dela, e olhou pro chão.
" seria a mulher de minha vida se..." bom, não sei, mas ela estava tão encantadora com seu olhar de " não vejo nada disso" que eu a queria para mim pra sempre. Queria ter podido voltar no tempo, como tenho essa vontade agora, depois de algumas semanas, e dizer " vem cá, escutaremos billie holiday e dançaremos tango como naquele dia, lembra?"
" vem cá, que eu tentarei fazer com que os anos ruins de tua vida sejam tão pequenos que não caberiam em um segundo dessa noite" , " vem cá que um dia partiremos e eu quererei ser essa noite, te fazendo sorrir semrpe que lembrada"