Pedagogia
Técnicas pedagógicas mal alinhadas fazem com que um possível leitor se desencante da literatura; lembro-me do Prof. Franco ensinando português e obrigando-nos a discutir análise lógica, sobre textos de Camões, Antonio Vieira e outros; mais “lógico” seria uma análise do teor de cada texto, mostrando sua beleza, sua sutileza e filosofia. Imaginem um soneto de Camões:
“Alma minha gentil que te partiste”.
Soneto em que o poeta procura expressar profunda dor por ter perdido sua amada elevando suas preces a Deus; foi transformado em achincalhe pelos alunos, onde destacavam nas orgias lingüísticas a cacofonia do primeiro verso; sendo assim, perdeu-se o encanto da poesia e o desejo de conhecer os sonetos de Camões. Melhor fazia o Evanildo Bechara (Membro da ABL) que discutia os aspectos literários e gramaticais das obras, tornando os alunos interessados em conhecer mais sobre os autores. Saiu uma edição de 200 sonetos de Camões, volume 109 da coleção L & M Pocket, de 1998, que vale a pena ser lida e estudada, para conhecimento do grande poeta português nascido em 1524. Na apresentação, o Prof. Ricardo Russo comenta a qualidade dos sonetos, “que abusam do paradoxo, do oxímoron, dando potente concentração emocional e forte capacidade de síntese...” Evidentemente, um aluno que vai ler sonetos, que abusam de oxímoron, prefere dizer que a poesia está morta! Que diferença de Robert Bréchon, que na biografia de Pessoa, o trata com tanto carinho e competência, que até uma poesia - Análise - de interpretação dificílima, se torna uma jóia, a que o biógrafo classificou como iniciador do lirismo crítico; já lhes confessei algumas vezes, que a tendo lido e interpretado mais de 50 vezes, ainda não me dei conhecimento completo desse poema de amor escrito em dezembro de 1911.