Alguém pode me explicar?

Modéstia à parte sou uma boa pessoa.

Ouvir, para mim, é um hobby. Sei guardar segredos e me identifico com as causas alheias.

Elogio quando merecido, critico quando me questionado.

Sou toda sorrisos, bem educada, não entro em “rádio-peão”, “rádio-corredor”, "telefone-sem-fio"...

Digo bom dia, boa noite, seguro elevador, conheço o porteiro, o síndico, o pai da chefe, o marido da colega de sala, o nome do neto do pai de alguém...

Ufa... Mas isso tudo não vale de nada se não sei o nome de cada Big Brother ou de cada melodrama da novela das oito e meia...

Esse meu jeito atencioso não se encaixa no gosto popular se não vi a última pegadinha indecente do canal de Silvio Santos ou a vídeo-cassetada do Faustão.

Se eu não assisti a nada disso na TV sou a excluída da sociedade.

Se eu tiver lido Camões, ouvido Beethoven, nem assim serei notada nas rodas de conversa do trabalho.

Não objetivando reduzir a nada tal conhecimento geral, o que quero dizer é que meu jeito de ser já saiu de moda.

A pessoa meiga é considerada sem graça.

Se não falo alto, se não dissimulo, se não finjo pensar de uma forma para agradar a massa, tenho a grande predisposição de imaginar que não sou ninguém para os outros.

Aprendi que devemos sempre viver bem consigo mesmo antes de estar bem com o próximo. Mas uma ponta de consideração no ambiente social é sempre bem vinda.

Minha critica poderia ser uma ofensiva aos valores dos novos tempos mas quem sou eu para julgá-los...

Restrinjo a crítica a mim mesma no sentido de tentar me modernizar para me ajustar ao rol de integrantes da maioria.

Perdida
Enviado por Perdida em 25/01/2010
Reeditado em 25/01/2010
Código do texto: T2050443
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