Eu e a TV: um Caso Nada a Ver

Aviso importante:o texto a seguir é uma Crônica, trata-se da MINHA visão sobre o assunto.Eu não sou a "verdade, o caminho e a luz", portanto, tenha cautela.

Já gostei mais de assistir televisão. E lá se vão anos atrás.

Hoje, se assisto por mais de uma hora, sinto-me "emburrecido". A qualidade dos programas é tão boa ( é ironia, ok?), que volto aos 10 anos de idade em questão de um plim-plim. Me divirto quando anunciam "Tudo isso e muito mais, após os comerciais!". Peraí: tudo o quê?! E pensar que já fiquei roendo unhas, feito um bobinho. A má fé é tão descarada, que fico chocado. Meus motivos dobrariam páginas...Mas, para ser mais sucinto...

Jornal Nacional. Tem seu mérito, vá lá. Mas na tentativa do casal de apresentadores parecerem mais informais e amistosos, parece realidade artificial. Dois bonequinhos tentando interagir. E o que não é noticiado por eles, passa em brancas nuvens, como se não tivesse acontecido. A TV tem o poder de restringir, limitar. O que, segundo eles, não "for de interesse da nação", fica como se não tivesse acontecido, afinal, não foi noticiado. O que não for conveniente, talvez, eles "deixem pra lá". Por isso que sinto-me muito mais informado lendo um jornal. De papel.

Novela. Um caso à parte.Você já reparou que os dramas são, e serão sempre os mesmos? Então porquê a pressa de não perder o capítulo de hoje? Vulgarmente falando, "é a morena de sempre, com outro penteado". Ou o galã que está velho demais para fazer par romântico e é substituído por um com pele mais jovem e barriga "tanquinho" tirado de uma oficina de atores e jogado lá. Ah, pra transmitir angústia, o truque é arregalar os olhos!Angústia? Morder os lábios. As heroínas querem passar dramaticidade mas se acordam maquiadas.E choram sem querer ficarem feias. Bem, e os finais, todos já sabem: há sempre mais de um casamento. Isso quando "o assassino" não fica para ser descoberto no último capítulo. Não tem situação mais inovadora para se resolver ao final de todo lenga-lenga que dura quase um ano?

Programas matutinos. Quem já não sabe fazer stogonoff, torta de limão ou bolinhos de carne ou queijo? As receitas só andam variando o sal e o açúcar. Pra mais ou para menos. Ou descobriram uma nova "espécie" de pimenta? E se existem entrevistas com as quais somos "premiados" logo pela manhã, é sempre uma subcelebridade nos seus quinze minutos de fama. Alguém eliminado de algum reality show, confessando: "Eu não estava jogando lá dentro. Eu fui eu o tempo inteiro no jogo". Ah, confessa que você queria um milhão pra compensar teu peito que "escapou(?)" pelo biquíni...

Programas da tarde.Uma tal de Sônia Abrão bem que poderia ser aquela sua vizinha fofoqueira, não? Fala pra "caramba". Tesoura para aquela língua! E ainda conta com a presença de um senhor que se diz "psiquiatra" para aumentar o papo, tentando encobrir o fato dela fazer sensacionalismo em cima da miséria dos outros, mostrando obesos mórbidos, deficientes físicos, e por aí vai. Márcia? Quem é Márcia? Uma "coroa" metida à garotinha que pensa que o Brasil está interessado, pois ela está, em saber se o fulano traiu beltrana.Com direito a detector de mentiras. Datena. Quem é Datena? Um cara que não conseguiu ser policial e se diverte mostrando tiroteios, bocas de fumo, e engarrafamentos na Marginal Pinheiros em São Paulo. Se isso me interessa? Nem um pouco....Não quero ver guerra, já está em todos os jornais.Não me torna mais culto. Só ressalta o que já sabemos: está tudo um caos, mas isso não é novidade. Me mostrem novas formas de amar.Que tal?

Se interessa aos outros? Deve interessar. Dizem que o Ibope comprova isso. Que há audiência. Gente, vão ler livros. Ouvir música. Inventem...As pessoas andam procurando informações nos lugares errados. E mesmo que seja só o entretenimento, como diz minha avó de 84 anos, "todo dia é tudo repetido, eu já vi isso".

Como para o final eu deixo o melhor, então aqui vai a pérola: "Superpop" com Luciana Gimenez! Programete da ex-caça-roqueiros de mesmo nome da linha anterior. Nada contra as mulheres bonitas, mas tem que ter todo dia desfile de Lingerie com bundas e mais bundas que o rapaz da edição coloca na tela, sobre elas, um carimbo dizendo "aprovada"?! E quando há "barraco",(?) que comumente é a pauta, Gimenez agora alega que não é barraco. Sabe o que é? Orientada pelo seu diretor, é "conflito social"!Belo termo para "bate boca"...Mas esses dias, comentaram comigo, que houve um acidente, parece que de automóvel. Eu não assisto nada disso, mas disseram que Luciana foi até o local e, não sendo o bastante uma mulher já estar esperando a ambulância toda rebentada e ensangüentada, a apresentadora olhou para a vítima, com o maior desprezo, e disse, olhando de cima:"Nossa! Tu tá acabada ,mulher!Detonaram contigo! Tais destruída." Cadê o senso de humanidade?

Para quem viu o surgimento da televisão, depois teve o prazer de a ver a cores, depois ficou ansioso para ver o primeiro homem chegar à lua pela "telona", o que se passa hoje não deve ter classificação. Uns dissimulam choro de manhã e terminam a programação com falso suspense. Traídos pela televisão?...Engandos, digamos...Não é uma coisa que você gira para um lado e arremessa ao longe, como um livro ruim. Mas não acredite no apresentador que anuncia "amanhã um programa repleto de novidades".Uma pena, por tratar-se de um veículo tão poderoso. Vez ou outra há um bom documentário turístico ou um filme europeu.Mas isso é no Cabo.

Eu era criança e via o Chacrinha, e suas chacretes repletas de uma sensualidade inocente, infantil se comparada ao de hoje mostrado. Era dele o famoso bordão: "Roda, roda, roda, e avisa!" Lembra? Pois "Rodei" do canal 03 ao 52. Agora, "Aviso": aperta o botão "desliga". Eu entendo que há gente que vê na TV uma companhia, mas aqui vale o infame ditado: antes só do que mal acompanhado. Pensa bem....Para mim, TV virou o legítimo programa "nada a ver". Aquilo que eu faço quando nada tenho há fazer. E olhe lá. É tudo tão exagerado, e de uma falsa dramaticidade, que pode parecer que o mundo vai acabar. Calma....a vida é bela. E, lá fora, um mar de possibilidades nos espera.

Gabriel Colombo
Enviado por Gabriel Colombo em 25/01/2010
Código do texto: T2049487
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