O improvável da chuva
Talvez seja circunflexo. Mas aquele que por ali vai, nada teme. Chove muito. Chove tanto. Sem guarda-chuva. Segue. O incomodar diante do banho de chuva não-premeditado, não é o molhar-se todo. É o peso que a roupa carrega. A água pesa. Infiltrada pelas tramas do jeans. Carrega-se um fardo não- premeditado, mas que o sujeito julga merecedor de carregar. Não. Não é o pagador de promessas o homem que por ali vai. Quem ele é? Um trabalhador do comércio (muito embora, diga-se de passagem, essa seja somente a sua ocupação e não o que ele realmente é). A julgar pela aparência, o resultado sempre será catastrófico. Os julgamentos pela aparência sempre mostram que monstros podem ser anjos, e anjos podem ser monstros, não que o monstro e o anjo seja o réu, mas sim o juiz. Somos o juiz. Um estilista disse, certa vez, que as jóias devem ser para adornar e não para mostrar riqueza. Daí que julgamos mesmo. Infelizmente. Felizmente. Inconscientemente estúpidos. Sei lá. O que ocorre é que o sujeito se molha todo. Parece cabisbaixo mas, ao ver o guarda-chuva da mulher voar, ri. Ri com gosto. Ri e chora. A chuva que molha o seu rosto chora de rir também. Porque o cabelo era liso, e já enrola-se todo. Talvez seja vírgula, a certeza é que não tem nada de drama.