VARRIÇÃO DA LOUCURA.

Por Carlos Sena



Desisto do meu texto dirigido e me permito ao engano da lógica ortodoxa. De um lado Cristo, do outro Marx. De um lado Platão, do outro Gentileza. Bastarda é a beleza ritualista, diante da rudeza cabalista dos afetos meus.
Varridos os loucos se encontram e banidos se encantam.
Fevereiro prenuncia carnaval, enquanto no agreste já se pensa na semana santa. A TV se mistura e reprisa os dramas da vida real que a vida fictícia se encarrega de inalar.
Varridos os loucos se encontram e banidos se encantam.
O limite do céu parece ser o mar, mas das alturas do avião o céu parece se inverter. Satanás o que irá dizer se, ao léu, lhe disserem isto do céu? Não se dê às abelhas o fel nem se queira mandá-las pro beleléu, posto que a colméia não cabe no véu palatino do nosso céu.
Varridos os loucos se encontram e banidos se encantam.
A verdade e a mentira muitas vezes repetidas provocam dúvidas. Não me dê verdades prontas e não te darei mentiras disfarçadas. O beijo da boca não deixa a moça sem todo carmim, mas no camarim da estrela, quem irá vê-la sem o contorno que faz a boca louca? Loucas da pedra lilás, quem corre atrás do que passou na fila do bonde de Santa Tereza?
Varridos os loucos se encontram e banidos se encantam.
No centro da avenida cheia de lixo, a vida se distrai e trai o noticiarista bolorento. Avarenta atitude sem aval que contraria o natal no videoteipe que reprisa a vida dos garis. Pingos nos "is" dos nossos contraditórios tempos e, na falta de amor atento garimpa-se os fracos para pagar o pato do microfone traidor.
Varridos os loucos se encontram e banidos se encantam.
Mozart e Luiz Gonzaga, Patativa do Assaré e Ariano Suassuna! Rogue por nós seu Lunga, calunga dos ultrajes no varejo. Lampejos de pirilampos a costurar meu pranto na véspera do fim do mundo. Mundo vasto mundo que 2012 prenunciamos hecatômbico: destrava da loucura a lucidez e desta a sisudez simbólica da falsa moral. Eleva-nos no astral para o horóscopo de bem sem casa do mal. Para que varridos sejamos loucos para nos encantarmos com a natureza tardia dos nossos altares cheios de loucos, de moucos, de tudo um pouco para sanar a falta que a falta faz de si mesma...

Carlos Sena -
csena51@hotmail.com