Eis que começou um novo ano
É comum começarmos o ano prometendo a nós mesmos jamais fazer coisas que fazemos, mas que não nos orgulhamos nem um pouco. Prometemos praticar mais esportes, cuidar da alimentação, não chegar atrasado ao trabalho, ser fiel a todos os amigos e principalmente, não abusar na bebida.
Essas são promessas que fazemos todos os anos, e todos os anos, falhamos em alcançá-las.
Eu prometi para mim mesmo que me levantaria meia hora mais cedo todos os dias, caminharia no calçadão da cidade, e cuidaria da alimentação.
Dia 1 - Eu levantei cedo, todos estavam na cama, dormindo, pois ninguém dormiu antes das quatro da manhã. Eu desci a escada sem fazer barulho, troquei de roupa e saí porta afora. Ao caminhar pelo calçadão, 10 minutos depois, eu já estava cansado, mas como eu havia prometido não desistir, eu fui em frente.
Dia 2 - Eu fiz o mesmo percurso. Fiquei mais cansado do que no primeiro dia. Minhas pernas tremiam, eu estava quase sem ar, e o pior de tudo. Eu cheguei a casa e lá estavam todos os familiares, sentados à volta da mesa tomando um café da manhã delicioso, enquanto que eu tinha que comer cereais de soja.
Dia 3 - Da meia hora que eu havia separado para os exercícios, só sobraram 25 minutos. Em menos de três dias, eu já havia deixado 5 minutos para trás.
A cada dia que passava, eu me sentia mais cansado, sem vontade de levantar da cama. O meu esqueleto já não aguentava mais fazer todos aqueles movimentos de alongamento. As costas arquejavam de tanta dor. A esposa me olhava com aquela cara de cinismo, dizendo que eu não aguentaria mais uma semana. Eu sabia que ela estava certa, mas não quis me entregar.
Ao fim de dez dias, aquela meia hora se transformou am 2 minutos. Eu percebi que tudo aquilo não passara de uma decisão tomada no impulso da última noite do ano.
A velha poltrona, e a televisão voltaram a ser meus velhos amigos.
Ano novo, vida nova.
Não sei quem disse isso, mas com certeza ele não era casado, não tinha filhos, nem imaginava o que a palavra trabalho significava.