FALANDO AOS AMIGOS EM 2010
Por algum tempo pensei ser insubstituível nas minhas relações pessoais e profissionais, mas que nada meus amigos, nós não passamos de uma forma incrustada em nós mesmos, na nossa psique, nesse mundo quase impenetrável, que vamos construindo ao longo da nossa caminhada terrena e muitos de nós a cada dia, vão adentrando aos recônditos mais profundos desse mesmo mundinho.
Felizes são aqueles que ousam olhar o mundo dos outros através do seu pequeno quadrado e conseguem delinear parâmetros de igualdade e desigualdade variadas, inconcebíveis pela massa das formas humanas e consegue com isso tirar proveitos de crescimento interior, aplicando-os a si e aos outros e com isso, vai dilatando o seu mundo interno, passando a vislumbrar novas dimensões, através da disseminação de novas idéias na mente de cada indivíduo no quadrado alcançável dos seus pares.
Através do autoconhecimento e da autocrítica pude perceber que, por um longo período convivi sem que me apercebesse, com a dor, a angustia, a inquietude, a inveja, a soberba, a mentira, o egoísmo, o desamor... Mas que por fim, reconheci as limitações que vedam a nossa consciência, que não me permitia enxergar que eu também era um frágil ser humano, assim como, todos os meus amigos também o são; felizmente.
Pude enxergar que outros caminhos estão disponíveis a quem queira trilhar rumo a novas aventuras ou desventuras, a escolher, pois os caminhos são convidativos, tais como: a honestidade ou a corrupção, o trabalho social ou a politicagem, o caminho do educador ou o da criminalidade, o mundo dos empreendedores ou dos narcotráficos e o mundo dos inconformados ou conformados com tudo isso, entre outros, mundos desenvolvimentistas ou submundos. Mas assim como eu, os meus amigos preferem trilhar a senda que nos leva a virtude e ao dever.
Pude compreender que a vida exige mais do que os deleites com os bons momentos, que o nosso mundinho pode nos propiciar no palco da existência, onde nos travestimos e nos caricaturamos para o show de cada dia e de cada um, que compõe a classe humanista. Viver sem disfarce é dificílimo, mas é bem menos nocivo para nossa alma.
Porem coube-nos o show da auto-avaliação, do aprendizado, da contemplação e da evolução psíquica em defesa daqueles que se deixam enganar por promessas de evolução espontâneas e sem sacrifícios. Mas quem são esses meus amigos de quem tanto falo? Você é meu amigo e minha amiga, assim como, todos aqueles que trilham o caminho da vida, do inconformismo, buscando o seu chão conforme a sua necessidade e a carência dos outros.
E nessa busca pude constatar que ao longo do tempo consegui melhorar alguns pontos através da compreensão no outro, doando parte do pouco que pude obter: no amor, na harmonia, na felicidade, nos sorrisos e em toda paz que deixei transparecer a todos através da minha face, sem preconceitos de cor, de raça ou de classe social.
Mas os meus amigos também alcançaram esses níveis, em seus caminhares pela estrada da vida. Muitos já vieram e muitos ainda virão a formar esse elo de sustentação para uma vida mais digna a todos.
A vocês meus amigos eu conclamo dar-nos as mãos nessa corrente de esperança por dias melhores, porém quero sugerir mais que isso, arregaçar as mangas de nossas vestes e buscar através do “faço” o que de melhor pudermos fazer em prol de uma humanidade mais justa e fraterna.
No final do nosso caminhar, todos lá estaremos e, fiquem certos, falaremos das nossas pedras, nossos entraves, mas também das nossas vitórias e conquistas.
Rio, 30/12/2009
Feitosa dos Santos