POR QUE O JÔ SOARES NÃO ME ENTREVISTA?
Antes de acharem minha pergunta pretensiosa ou imaginarem que quero meus cinco minutos de fama, permita-me expor meus argumentos, afinal não necessariamente deva ser eu a ser entrevistado, poderia ser você, o Carlos, o Marcos ou o José Brasil da Silva.
Acho que o Jô deveria me entrevistar pois ao contrário de vários políticos que já vi em seu programa, eu não sou ligado a nenhum partido político, não sou de direita nem de esquerda. Não sou treinado em oratória política (que entre outras coisas ensina as pessoas a responder sem responder, se é que vocês me entenderam). Não sou contra ou a favor de Lula, FHC ou até mesmo de Itamar Franco, portanto poderia dizer com legitimidade o que cada um fez de bom, bem como as fezes (para não dizer merda) praticadas por cada governo, entre outras coisas com o meu suado dinheirinho de contribuinte. Afinal, quem paga não é patrão? Eu iria ser bem sincero sobre o desempenho dos meus colaboradores.
Também já vi vários economistas renomados e apesar de eu não possuir a mínima graduação acadêmica no assunto, sou um dos especialistas na área, com minha vasta experiência em cheques especiais, linhas de financiamentos para empresas ou até mesmo em minhas idas ao supermercado, gostaria de dizer a eles que há anos estão divulgando números errados, principalmente em relação a medição da inflação que teima nas ruas a ser bem acima do que nos computadores dos especialistas.
Já vi mágicos de renome, e apesar de não ser famoso eu poderia ensinar várias mágicas, como fazer meu salário durar até o final do mês sem entrar no cheque especial, como “Gran Finale” eu iria apresentar meu número especial com o auxílio do meu assistente que ganha um salário mínimo, onde ele irá demonstrar como consegue rapidamente (em até 6 meses) um atendimento de urgência no SUS.
Atores renomados também são figurinhas carimbadas no Jô, mas perto de mim não fariam sombra e ficariam reduzidos a meros canastrões, pois nesta arte sou imbatível, pois minha vida é representar. Digo sim senhor ao chefe quando me pede para fazer hora extra todo dia, quando na verdade meu íntimo grita em silêncio. Conforto a família dos meus amigos que morreram no trânsito e digo para terem esperança, quando na verdade fico revoltado com as condições das estradas. Consigo “enganar” meu gerente quanto a um novo financiamento dizendo que estou com estabilidade no emprego, quando na verdade estou morrendo de medo de ser mais um desligado na empresa que esta em redução de custos (leia-se pessoas).
Enfim meus irmãos e irmãs, acho que se o Jô entrevistasse a mim ou a você. Cidadãos comuns. Acho que eles iriam ter uma imagem menos míope da vida que levamos e dos rumos do nosso país.
Mas enquanto ele não nos entrevista, temos que nos contentar com os políticos, os economistas e os atores.