Praia noturna

A praia durante o dia todos conhecem. Ficam cheias, nos dias quentes.

Não acontece o mesmo durante a noite. Algumas são famosas pelos peixes. Os apreciadores chegam em horas diversas, equipamento completo. Molinete, caixa de anzóis e ferramentas, onde o alicate de corte está sempre presente. Água, iscas, balde bons petiscos, sanduíches e cachaça. Farnel completo.

Existem poucos que não pescam. Alguns gostam de apreciar os pescadores. Se o dito cujo é falador, é conversa para a noite inteira. A torcida pela captura de um bom peixe, uma garoupa, quem sabe?

Muitas histórias. Tainha não vem no anzol de modo algum. Outros têm técnicas, adquiridas com os portugueses, que garantem vir a tainha no anzol, sim senhor. Conversa de pescador vira tratado, vou mudando.

É sim, muito gostoso passar uma noite na praia. Sossegado. Até hoje os registros de ataques feitos por marginais são desprezíveis.

A brisa tira completamente o ar abafado da cidade. A areia já está fria e permite um andar descalço, tocando a terra, molhando os pés com a água geralmente do oceano, por vezes permitindo um agradável banho.

Muitos não gostam da Lua cheia. A claridade, embora encantadora, acaba por incomodar quem quer dormir. Duvida? Acha romântico e poético dormir sob a luz forte da Cheia? Experimente. Vai é ficar acordado, se não levar protetor para os olhos. Mas esta peça é a antítese de dormir na areia, olhando as estrelas, que com o passar das horas vão mudando de lugar. Aparentemente. As estrelas são ditas fixas, embora não exista nada estático no Universo. Quando elas mudam visualmente de posição, foi em virtude do movimento da Terra, especialmente o de rotação. Astronomia agora? É muito mais tratado do que uma simples pescaria.

A esteira atual, não mais a tradicional, feita de bananeira, não é incomoda. Os olhos miram o infinito do céu, onde tantos segredos se escondem. Morada dos deuses e das almas? Desculpe, não sei dar a resposta.

Apenas olho as estrelas, sei o nome das constelações, nebulosas e outros conhecimentos que também podem ser desprezados. Olhamos o céu e sonhamos. Ficamos muito diminutos, e por um paradoxo, enormes ao mesmo tempo. Estamos vivendo esta realidade, não é sonho, não foi obtida pelo uso de drogas, está diante dos nossos olhos!

“Ora, direis, ouvir estrelas”, é lembrado de imediato.

Ouça as estrelas, ouça o mar, ouça o Universo. Ele fala.

Não duvide disto.

Jorge Cortás Sader Filho
Enviado por Jorge Cortás Sader Filho em 27/12/2009
Código do texto: T1998676
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