Aventura no Maracanã - Triste fim de um Rubro-Negro

Essa minha história pode ser classificada como um filme de comédia, suspense e drama. Isso aconteceu no Rio de Janeiro quando eu estava servindo à Marinha do Brasil e prestava serviço na Marina da Glória com um radinho de pilha ouvindo o jogo do meu Flamengo contra o Botafogo pelo Campeonato Carioca.

Já estava louco pela chegada da minha rendição para eu poder correr para o Maracanã e assistir pelo menos o segundo tempo de jogo, pois todos os meus amigos estavam lá. Minha rendição chegou no exato momento em que o Flamengo fez o primeiro gol, então corri feliz da vida para pegar o ônibus em direção ao "Maraca".

Dentro do ônibus eu ouço o segundo gol do Flamengo e minha empolgação aumentou mais ainda. Cheguei no Maracanã no intervalo do jogo e, para minha triste surpresa, não era permitida a entrada de pessoas após o final do primeiro tempo. Entrei em pânico e pela primeira e única vez, eu dei uma "carteirada". Virei para o segurança e disse:

- Amigo, Sou militar e estava de serviço... fui liberado só agora... quebra essa aê, deixa eu entrar.

O segurança virou prá mim e disse:

- Rapaz, aqui você não pode entrar, senão vai dar confusão, mas dê a volta no Maracanã e entra pela portaria de cadeira.

Então sai correndo desesperado até o outro lado do estádio dando meia volta em torno do Maracanã, expliquei novamente a situação e o porteiro liberou a minha entrada. Subi a rampa e cheguei nas parte das cadeiras numeradas no instante em que o segundo tempo começara.

Não me dando por satisfeito, resolvi ir para as arquibancadas e ficar no meio da Raça Rubro-Negra, que era o meu lugar, já que todos os meus amigos estavam lá. Um senhor me explicou:

- Olha meu filho, pule esse muro, suba a segunda rampa que você vai chegar lá.

Não pensei duas vezes, pulei o muro, sai correndo subi a rampa e para minha outra triste surpresa, sai de cara com a torcida do Botafogo. Gelei, minhas pernas tremeram e dei Graças a Deus por estar usando roupa normal. Com medo, parei de correr e fui andando em direção à torcida do Flamengo.

De repente, gritos de gol e fogos, olho em direção ao túnel e aquela multidão Alvinegra vinha em minha direção. Desesperado, olhei para alguns e gritei junto com eles. Quando eles voltaram, eu também voltei a caminhar e, por incrível que pareça, após uns quinze minutos andando em passos firmes e acelerados, outros gritos, outros fogos e outros alvinegros correndo em minha direção. Aí já era demais, mais uma vez tive que festejar com eles o gol contra o meu time.

Já estava quase meia hora andando e nada de chegar a divisa entre as torcidas quando depois de uma curva, avistei uma fila de policiais.

- Graças a Deus, cheguei.

Ao tentar atravessar a barreira, um policial me disse:

- Tá louco, aqui é a torcida do Flamengo!"

E eu respondi:

- Eu sei, entrei pelo lugar errado e cai na torcida do Botafogo.

- Rapaz, você escapou de morrer, passa logo prá cá. - Respondeu o policial.

Já me sentia em casa, corri na direção do terceiro túnel, mas para o meu azar e nenhuma surpresa, ele estava completamente lotado, não ousei pedir licença. A minha única alternativa era me pendurar nas grades e ver um pedaço do campo e isso foi o suficiente para ver o juiz erguer a mão, apitar e finalizar o jogo.

Quase chorei de raiva, após uma luta incrível não vi nada do jogo e ainda tive que ouvir os meus amigos gozando com a minha cara e reclamando comigo dizendo que eu era o pé frio que fez o botafogo empatar o jogo. Tristeza.