HÁ COISAS QUE SÓ ACONTECEM COM O BOTAFOGO?
HÁ COISAS QUE SÓ ACONTECEM COM O BOTAFOGO?
Somos uma torcida apaixonada, amamos este clube que há muito tempo parece não corresponder a essa paixão. Há coisas que só acontecem a nós. Somos alvinegros. Mas antes que induza um leitor mais afoito ao erro, quero dizer que sou Atleticano, torcedor do Galo Mineiro. O Botafogo que me perdoe, mas há coisas que só acontecem ao Clube Atlético Mineiro.
Lideramos o Campeonato Brasileiro de 2009 por oito rodadas, estivemos outras tantas rodadas entre os quatro primeiros. Faltando cinco rodadas para o fim do campeonato, estávamos entre os times mais cotados para conquistar o título. Naquele momento, nosso jogo seria contra nosso maior rival em nível nacional, o Flamengo. Início de jogo, zero a zero no placar, o nosso time pressionava. Então, aos 9 minutos um jogador do Flamengo escapa pela esquerda chuta ao gol, nosso bom goleiro Carine desvia a bola para escanteio. Um lance corriqueiro, nada de mais. Eu, na arquibancada atento ao atacante Adriano. Eis que o Petkovic, aquele mesmo que havíamos dispensado no ano anterior, cobra o escanteio e, depois de uma trapalhada entre o nosso limitado lateral e o goleiro, faz um belíssimo gol olímpico. Assim começava a derrocada do Glorioso no Brasileirão de 2009. Um gol olímpico, em mais uma “decisão” contra o Flamengo - coisa que só acontece com o Atlético!
No próximo jogo enfrentaríamos o Coritiba. Um time mediano, na parte de baixo da tabela. Parecia a oportunidade de darmos mais um passo em direção ao título. Contudo, dessa vez o time estava irreconhecível, saiu perdendo, conseguiu empatar, mas sofreu a derrota aos 37 minutos, com um gol de penalti. A noite só não foi um desastre, graças ao gol de empate do Grêmio, com nove jogadores, contra o Cruzeiro no Mineirão, aos 47 minutos. Mas acreditem, estávamos no quinto lugar e ainda tínhamos chance!
A terceira oportunidade ocorreu contra o Internacional. O time de Porto Alegre veio jogando atrás. Numa falta cobrada rapidamente, teve a felicidade de fazer um gol, acho que aos 15 minutos. Eu, mais uma vez estava nas arquibancadas do Mineirão. Assisti a 75 minutos de ataque contra defesa. Mais uma derrota, esta com parte da torcida, merecidamente, gritando ao final: Timinho! Timinho! Mas pasmem: ainda restavam possibilidades, inclusive matemáticas de título.
Eis o jogo que felizmente só acompanhei ontem pelo rádio. Novamente, e agora mais cedo ainda, a um minuto, o time alvinegro saiu atrás no marcador. Mas num belo passe de Éder Luis, chegamos ao empate, para pouco depois, num outro passe, às avessas, de Éder Luis, sofrermos um gol do meio de campo, um gol que nem Pelé consegui fazer, o Galo conseguiu levar! Diego Souza, nem sabia quem era, bateu na bola em pleno ar. Ele estava no meio de campo, chutou para cima, a bola veio caindo e entrou, melancolicamente, tendo como testemunha o zagueiro atleticano, que nada fez, ou nada podia fazer, nunca vamos saber.
Essa foi a trajetória do Atlético 2009, mas as coisas que só acontecem com o Atlético são muito mais numerosas que estas: a perda do título de 1977 para o São Paulo, invicto e dez pontos à frente; a expulsão de cinco jogadores na Libertadores de 1981 frente ao Flamengo; a eliminação na semifinal da Copa União de 1987, do time invicto, para o mesmo rubronegro; e até para o Botafogo já fomos prejudicados pelo árbitro Símon, que não marcou um penalti escandaloso no último minuto do jogo, na Copa do Brasil de 2007.
Assim, após esse breve relato, quero lembrar aos que dizem que “há coisas que só acontecem com o Botafogo”, que eles não conhecem bem a história do nosso Galo. Contudo, deixo este título ao Botafogo, prefiro não reivindicá-lo. Gostaria, embora sem grandes esperanças, que o futuro demonstrasse o contrário, pois um clube que possui a torcida apaixonada e fiel como a do clube Atlético Mineiro, deveria dar-nos mais motivos de alegrias e comemorações.
30 de novembro de 2009