Quanto vale uma vida?
O transito de São Paulo - a maior cidade da America Latina, é um caos absoluto. Milhões de pessoas saem de casa todos os dias, com a incerteza de que voltarão. Será que é saudável viver assim?
Pedro, um motoboy experiente saiu de casa certa manhã com sua moto e seguiu seu destino. Pouco depois das oito da manhã, logo após ter feito a primeira entrega do dia, Pedro sofreu um acidente gravissímo. Suas pernas ficaram presas por baixo das ferragens da moto que ficou totalmente contorcida.
As pessoas se aproximaram daquele corpo que jazia no chão, inerte, aparentemente sem respiração. Muitos gritavam, pediam socorro, outros tentavam não olhar. A cena era arrepiante. Havia sangue vertendo pelas mangas da camisa e pelo pescoço.
Todos o consideravam morto até que apareceu um senhor de meia idade que interveio. O senhor pediu ajuda a dois outros senhores que estavam ali perto e levaram Pedro para o carro dele estacionado do outro lado da rua.
Quando chegaram ao hospital, o senhor de meia idade aproximou-se da recepção e disse ter um homem quase morto deitado no banco de trás do seu carro, ele precisava de ajuda imediatamente.
A recepcionista olhou para o senhor que tentava recuperar o fôlego e perguntou se o acidentado tinha os documentos. O senhor disse que não sabia, pois isso não era o mais importante. Afinal de contas, tratava-se de uma vida.
A senhora atrás do balcão disse que não podia ajudar ao menos que houvesse um documento. Alegou que eram assim as regras do hospital.
O senhor voltou ao carro, e tentou encontrar a carteira do Pedro, mas não encontrou. A carteira deve ter caído no local do acidente. Pensou consigo mesmo.
De volta à recepção, o senhor de meia idade exigiu que a recepcionista chamasse um médico urgentemente. Mais uma vez, a recepcionista negou ajuda.
Alguns minutos se passaram. O celular da recepcionista tocou. Ela atendeu e começou a ficar pálida ao descobrir que seu filho havia sofrido um acidente grave de moto. Ela saiu em disparada atrás daquele homem de meia idade que havia avançado hospital adentro à procura de um médico. Quando o encontrou pediu a descrição do homem que sofrera o acidente. Vendo que a descrição era igual à do seu filho, ela chamou um médico para atendê-lo.
O médico finalmente chegou, mas infelizmente não pode fazer nada. Pedro já estava morto. Ele morreu de hemorragia interna. Segundo o relátorio do médico. Se Pedro tivesse recebido atendimento alguns minutos antes, ele teria vivido.
Como é que uma mãe dessas conseguirá viver com a culpa da morte de seu filho na consciência?