E agora, o que eu faço?
Eu havia tirado a manhã para cuidar de coisas minhas e não fui trabalhar em nenhum dos lugares onde deveria ter ido. Adiantou nada. Desde cedo comecei a receber telefonemas. Queriam que eu me pronunciasse a respeito de um fato se não inusitado, pelo menos inesperado. Mas eu não poderia dizer nada a respeito porque eu nada sabia. Mas eis o fato: William Daghlian estudou em Lavras no Instituto Gammon durante os anos de 1958/59. Desde 1968 ele mora fora do Brasil. Segundo minha fonte, é produtor musical. Minha fonte é o Jornal Virtual Lavras 24 horas, que recebeu dele informações aqui transcritas de forma resumida por mim. Ele diz que na época em que estudou em Lavras a Igreja Matriz estava em reforma. Em um determinado dia pediu permissão ao vigia da obra para entrar. Na sacristia achou uma ponta de um tecido sob um monte de tijolos. Removendo-os encontrou uma tela em péssimo estado de conservação, com a figura de um anjo segurando o manto de Verônica. Quis comprar, o cara recusou porque pertencia ao Patrimônio Histórico. Mas frente aos seus argumentos de que o quadro como estava sendo tratado logo desapareceria acabou levando de graça. Ele cuidou do quadro e depois doou-o ao MASP.Hoje é a mais antiga pintura brasileira do MASP. (século XVIII – talvez 1756. Imediatamente a história se alastrou pela cidade e o Conselho Municipal do Patrimônio Cultural foi convocado para uma reunião extraordinária. O que fazer? Acionado o MASP por jornalista do Lavras 24 horas e pelo Presidente do Conselho confirmou-se a existência da tela, doada em 2003. E agora? O MASP recebeu em doação. Tudo legal. William Daghlian ganhou uma tela de alguém que não poderia ter-lhe dado, porque não era o proprietário. Mas cuidou dela. Mas a tela não era dele. Ele não podia tê-la levado. Mas ela estava no meio do entulho. Mas o entulho não era dele e o dono do entulho não reclamou. Pelo jeito nem deu falta dela. Ele diz que retirou de um entulho da Igreja Matriz. Improvável. Estou supondo que ele retirou de uma das infinitas reformas da Igreja do Rosário, bem tombado pelo IPHAN, patrimônio Nacional. Nessa época eu estava ainda bem longe de saber da Igreja do Rosário e de sua importância artística e cultural. Vai ser preciso pesquisar. A Igreja do Rosário foi restaurada recentemente após muitos anos fechada. A restauração foi responsabilidade da administração 2005/2008 , que foi reeleita para continuar mais um quatriênio. Hoje a Igreja está bem cuidada, tanto pelo Poder Público quanto pela paróquia responsável por ela. A notícia surgiu hoje, mas tantas as cabeças inteiradas do assunto são também as sentenças. E eu pergunto: o que foi que fez a cabeça de William Daghlian tornar pública essa história? Dor na consciência? A vaidade típica dos criminosos que necessitam tornar o seu crime público? E, se legalmente ele pode ter feito algo errado, moralmente não fez, porque se sua história é verdadeira o que ele fez foi salvar a obra. Um verdadeiro mistério a história da tela. E uma situação que hora se apresenta sem saída ora com muitas saídas. O jeito é refrescar a cuca para ver o caminho a seguir.
Eu havia tirado a manhã para cuidar de coisas minhas e não fui trabalhar em nenhum dos lugares onde deveria ter ido. Adiantou nada. Desde cedo comecei a receber telefonemas. Queriam que eu me pronunciasse a respeito de um fato se não inusitado, pelo menos inesperado. Mas eu não poderia dizer nada a respeito porque eu nada sabia. Mas eis o fato: William Daghlian estudou em Lavras no Instituto Gammon durante os anos de 1958/59. Desde 1968 ele mora fora do Brasil. Segundo minha fonte, é produtor musical. Minha fonte é o Jornal Virtual Lavras 24 horas, que recebeu dele informações aqui transcritas de forma resumida por mim. Ele diz que na época em que estudou em Lavras a Igreja Matriz estava em reforma. Em um determinado dia pediu permissão ao vigia da obra para entrar. Na sacristia achou uma ponta de um tecido sob um monte de tijolos. Removendo-os encontrou uma tela em péssimo estado de conservação, com a figura de um anjo segurando o manto de Verônica. Quis comprar, o cara recusou porque pertencia ao Patrimônio Histórico. Mas frente aos seus argumentos de que o quadro como estava sendo tratado logo desapareceria acabou levando de graça. Ele cuidou do quadro e depois doou-o ao MASP.Hoje é a mais antiga pintura brasileira do MASP. (século XVIII – talvez 1756. Imediatamente a história se alastrou pela cidade e o Conselho Municipal do Patrimônio Cultural foi convocado para uma reunião extraordinária. O que fazer? Acionado o MASP por jornalista do Lavras 24 horas e pelo Presidente do Conselho confirmou-se a existência da tela, doada em 2003. E agora? O MASP recebeu em doação. Tudo legal. William Daghlian ganhou uma tela de alguém que não poderia ter-lhe dado, porque não era o proprietário. Mas cuidou dela. Mas a tela não era dele. Ele não podia tê-la levado. Mas ela estava no meio do entulho. Mas o entulho não era dele e o dono do entulho não reclamou. Pelo jeito nem deu falta dela. Ele diz que retirou de um entulho da Igreja Matriz. Improvável. Estou supondo que ele retirou de uma das infinitas reformas da Igreja do Rosário, bem tombado pelo IPHAN, patrimônio Nacional. Nessa época eu estava ainda bem longe de saber da Igreja do Rosário e de sua importância artística e cultural. Vai ser preciso pesquisar. A Igreja do Rosário foi restaurada recentemente após muitos anos fechada. A restauração foi responsabilidade da administração 2005/2008 , que foi reeleita para continuar mais um quatriênio. Hoje a Igreja está bem cuidada, tanto pelo Poder Público quanto pela paróquia responsável por ela. A notícia surgiu hoje, mas tantas as cabeças inteiradas do assunto são também as sentenças. E eu pergunto: o que foi que fez a cabeça de William Daghlian tornar pública essa história? Dor na consciência? A vaidade típica dos criminosos que necessitam tornar o seu crime público? E, se legalmente ele pode ter feito algo errado, moralmente não fez, porque se sua história é verdadeira o que ele fez foi salvar a obra. Um verdadeiro mistério a história da tela. E uma situação que hora se apresenta sem saída ora com muitas saídas. O jeito é refrescar a cuca para ver o caminho a seguir.