Não era tristeza...

Toda história tem que começar do inicio né? Mas afinal todo começo de livro, de texto, de conto, não precisa ser o verdadeiro inicio de uma história, não sei bem o que eu quis dizer com isso, mas só queria retratar que vou contar uma história baseada em fatos reais, pena que não tenho informações suficientes sobre ele( o personagem principal), basearei então em hipóteses, mas isso não interferirá na história já que o que quero mostrar através dela, é um fato concreto que aconteceu.

E essa história toda de inicio e começo de texto, conto enfim me fez começar com o final:

"Não era tristeza, era saudade", o final da história é essa frase, todo o desenrolar dela resultará nisso, é o bom de inovar, contei o final, mas que graça tem sabê-lo sem saber como tudo aconteceu? Ou o que tirar disso.

O dificil é contar uma história real sem saber como contar, pois eu não tenho certeza de nada, só do final e do que resultou nesse final, mas a obviedade humana me ajuda!

Uma criança nasceu um tempo atras, tudo o que houve antes não interessa muito agora, cresceu, se alimentou, sentiu frio, calor, teve fome (não sei o grau da fome), se feriu, dormiu, se fossemos parar pra pensar é tudo tão igual né!

Algumas variações nos tornam diferentes, conheci um cara alguns dias atras, mas isso é o final da história, antes do final eu não sei nada, sei que ele é igual a todo mundo, com sonhos, com dores, amores, desejos, difere de alguns pois ele morava na rua, o seu cobertor era sempre o mesmo, a cama mudava, as vezes uma praça inteira, as vezes um banco inteiro, as vezes sem travesseiro, as vezes o apoio da cabeça um meio fio ou um fio inteiro, de cabelo, de veludo, é preciso só nos encontramos no outro, nele, afinal, ele dorme como todos nós, tinha os dentes quebrados, os anteriores, incisivos ou os da frente mesmo, não sei porque, uma cicatriz ali, outra aqui, assim como todos nós, o que esta quebrado em mim hoje? Só o dente, só as pontas do fio de cabelo ou o coração? o que são as nossas cicatrizes, um corte, um furo, uma cirurgia, ou a de um coração partido a tempos atras, ou hoje mesmo, no fim somos iguais, só muda mesmo o termo que completa a frase.

Minha cama é macia, a do homem da história dura, porém grande, creio que isso não o faz mais "confortável", meu travesseiro é de fio de seda, a dele, meio fio, fio inteiro, meu endereço, meu cep sei lá o quê, talvez numa outra forma de ver poderia ser definido: planeta terra, tá bom vai, só queria comparar mesmo, não sei da história, sei que é igual a mim, a você, o mesmo autor Deus, o criador de tudo, só muda de uma história para outra os personagens principais, apesar de que alguns insistem em colocar o outro como personagem principal da sua própria vida, cansei disso tudo agora, esse cara que eu não me lembro o nome, mora na rua, é filho de Deus, tem lá suas cicatrizes, seus medos, suas angustias, suas fraturas igual todo mundo e o final da história também não muda muito do nosso!

Certo dia ele se deitou, não sei se estava com frio, com calor, com o cobertor de sempre, se estava com fome, sei que se deitou para dormir no chão, dormiu...

Sonhou que estava no céu, nos braços do pai, no berço de amor, recoberto de amor, de bondade, viu Deus com seus próprios olhos, sentiu as caricias do pai, enquanto contava os olhos brilhavam, era o céu, e o que aconteceu no fim?

Ele acordou, um vazio enorme, uma dor, uma angustia, afinal, ter estado do lado de Deus, ser abrigado na morada do pai por alguns instantes e... se entristeceu, mas não era tristeza, não não era, era saudade, não daquele simples sonho, simples momento com Deus, não era saudade do lugar de onde saiu, do colo de que pulou, da mão que largou, do sorriso que não viu mais, era saudade, vontade de estar perto de novo!

E assim com todos nós, que sofremos nossas angustias, dores, medos e tristezas, e saudade, do pai, de Deus, do céu!

Gabriel Antunes Ferreira
Enviado por Gabriel Antunes Ferreira em 13/11/2009
Reeditado em 28/01/2010
Código do texto: T1921915
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