OPACA

Olho no espelho e encontro uma mulher. Nem bela nem feia. Eu mesma, defronte minha visão pragmática.

Admiro minhas linhas, até mesmo as tortas, pois fazem parte de mim mesma. Cada uma tem sua história e as separo em capítulos de minha vida tão intensa.

Não tenho vergonha de meus quilos a mais, de minhas torções de identidade, de minhas marcas enraizadas, dos fios brancos que reluzem e se destacam.

Essa sou eu. Vida bem vivida e aberta para muitas outras estações e novas marcas.

Meu coração sangra e minhas mãos gelam.

Mancho o espelho e minha imagem de vermelho.

Incandescente. Como tudo o que será.