SENHORA
- “ Senhora, um momento , senhora , eu já estarei preparando um novo café .”
- Suspenda , senhor , por favor , o café porque eu pedi um café expresso e não uma café telemarketing .”
Este foi o final do diálogo , tendo culminado com risada geral , tanto do atendente do bar , dos demais clientes e , especialmente , de um garoto de prestava muita atenção em tudo desde o início.
Tudo começou quando dirigi-me ao balcão de um bar de um hotel no centro de Rio de Janeiro e pedi um café – expresso :
“ um momento , senhora, já estarei preparando o seu café.”
Já comecei achar tudo muito estranho , mas , afinal , a vontade de tomar um café era grande.
Chegou o café , mas ele era muito ,muito fraco.
Reclamei , foi quando recebi a resposta acima e desisti de tomar café.
- Bom, este tapete é diferente deste , não é ? perguntei à minha irmã que acompanhava-me na escolha de um novo tapete para a minha sala de espera.
- A atendente ao lado , retruca-me :
-“ Senhora , este tapete é igual ao outro , senhora .”
Continuei a escolher e , inconformada , novamente , pensei em voz alta : mas , são diferentes as cores ...
-Senhora , é a mesma cor , senhora , só que a luz que ele estava sendo olhado de outro ângulo , senhora . “
Olha só : quer saber : não gosto de ser chamada de senhora e quer saber mais : não vou comprar tapete nenhum.
Dias depois, retornei à loja e comprei o tapete com outra atendente , isto porque , em minha cidade , não tenho muitas opções de lojas .
Fico , então, impressionada com o que fizeram com a expressão “ senhora”.
José de Alencar quando escreveu o seu delicado livro , manteve o seu respeito e admiração por todas as detentoras do título , os nossos dicionários também elevam a quase título de nobreza , a expressão “Senhora “.
Fico a me perguntar o porquê de tamanho descenso entre a utilização e o termo propriamente dito.
Por que razão passaram a utilizar o termo senhora com o sentido de : descaso, sinômino de burra , de chata , de impertinente , de “ deixa-me me paz “ , “ não me perturbe “ , ou mesmo : “ estou de saco cheio “.
Quem deverá ter deflagrado esta revolta contra este termo tão soberano, imergindo-o ao poço da insensatez dos palavreados desconexos com a verdadeira intenção do criador deste tão bonito termo?