Permita-se

Já é velho o clichê que diz que “amores vêm e amores vão”, mas será que eles realmente se vão um dia? E se forem, será que por completo?

Com tão pouca idade, com uma certa experiência em relacionamentos antigos, além da bagagem emocional que adquiri e levo comigo, pude perceber que os amores nunca vão. Pelo menos não por completo.

Você diz que não ama mais, que já não sente mais saudade, que ele ou ela já é passado em sua vida – puro engano. Naquelas noites chuvosas, ao som de Paralamas, uma taça de um bom vinho... Seus pensamentos voam longe e onde eles chegam?

Chegam no abraço que você já não abraça mais, chegam naquele beijo que você já nem lembra o gosto, chegam naquele cheirinho no pescoço que o cheiro passa longe na memória, chegam naquele olhar, naqueles momentos, chegam nas tardes que caminhavam na praia, naquelas noites sem fim que admiravam a lua, chegam, enfim, a lembrar das muitas vezes que se amaram.

Aí você percebe que, mesmo que os relacionamentos acabem, mesmo que as pessoas passem, mas você sempre vai carregar com você um pouco delas. As lembranças, as memórias, sempre estarão lá, por vezes adormecidas, e por vezes a te fazer pensar – e lembrar.

A verdade é essa: “os amores não vão, pelo menos não por completo”. Mas calma, não precisa ser tomada pelo desespero, para conviver com isso é tudo uma questão de se permitir.

Permita-se amar de novo, e ser amada também.

Permita-se olhar para fotos e presentes antigos, chore, lamente, fale do amor que passou, escute aquela música dor de cotovelo, veja aquele filme que te faz chorar, coma chocolate, faça tudo isso repetidas vezes até cansar. E, ao cansar, guarde tudo lá no fundo da memória, num lugar que não venha a te incomodar mais. Esse é o primeiro passo: se lamentar para se curar.

Permita-se também sair, dance até doer as pernas, cante alto, fale asneiras, paquere - e muito-, se renove, pinte o cabelo, corra na praia, malhe, fique gostosa, faça compras, extrapole seus limites, fala loucuras, mas guarde sua essência. Esse é o segundo passo: se divirta para se libertar.

Permita-se se acalmar, dê um jantar para os amigos, faça um fondue, assista o lançamento daquele filme do ano, se reserve mais, saia menos, leia um bom livro, descubra novos cantores, frequente a igreja – se pegar à Deus é sempre bom. Esse é o terceiro passo: se acalmar para se entregar.

Permita-se conhecer pessoas novas, realidades distintas das que você estava habituada, baixe suas armas, pare de usar tantos escudos e defesas, não compare o novo com o que já passou, abra seu coração. Estando calma, liberta e pronta para se entregar, um novo amor vai surgir e, sem você muito esperar, tudo aquilo que um dia fez você sofrer, vai ter sido combustível para sua mudança e sua atual felicidade. Esse é o último passo: permita-se amar.

Isabelle Barros
Enviado por Isabelle Barros em 28/10/2009
Código do texto: T1892639
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