Chuva e chuva casamento de viúva.

Está chovendo outra vez... Na verdade ainda chove.

Não estranharia se descobrissem que o dilúvio começou aqui.

Chove há meses. Às vezes, dá uma estiadinha. É necessário andar ligeiro para resolver o que for preciso enquanto a chuva não vem. Ou pagar alto preço que tanto pode ser de taxi como uma gripe.

Apurei meus sentidos: sinto a chuva de longe. Antes de sair olho o céu e avalio o deslocamento das nuvens... Pelo sim, pelo não, só saio com guarda-chuva e para evitar constrangimentos carrego na bolsa uma blusa sem mangas. Aqui o tempo muda de repente.

Ainda ouço uma voz, vinda do passado:

_ Menina, leve agasalho. Cuidado pra não se resfriar!

Naquela época em dias de chuva criança permanecia em casa. Não íamos à escola, já que raros eram os pais que tinham automóveis e como televisão não havia, a criançada inventava mil formas para se distrair. E como inventava. Em dias de chuva, a casa se tranformava num misto de retiro e desafio à criatividade. Recortávamos figuras para fazer jogos de quebra-cabeça, jogávamos palitos, damas, pedrinhas, construíamos móveis e carros com caixas de fósforos, soltávamos bolinhas de sabão...

Até a alimentação era diferenciada nos dias de chuva: sopas, torradas, rabanadas, bolinhos de chuva, bolo de fubá, pipoca, canjica, arroz- doce...

Outros tempos, brincadeiras, sabores...

Outros valores.

Anita D Cambuim
Enviado por Anita D Cambuim em 04/10/2009
Código do texto: T1848034
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