DOCE SAUDADE
Por mais que se passam os anos e a modernidade as vezes me fascina, me pego nas lembranças dos meus tempos de menina.
Saudade das brincadeiras de roda, dos brinquedos feito de pau, das bonecas de milho e dos sapatinhos escondidos atrás da porta nas noites de natal. Vida de sítio era assim, passava bem devagarinho... pressa pra que? Nem é tão bom assim crescer! Minha mãezinha fazia biscoitos e servia com o café quentinho, café no bule em cima do fogão à lenha, mas era café de verdade! Aquele café que papai colhia na roça e secava nos terreirões, depois vinham para o torrador e o moinho da cozinha de mamãe. Oh vida boa! Os embutidos defumando na quentura e fumacinha do fogão, isso era uma festa à parte, quando começava a chegar gente em casa para ajudar na "lidar" com os enchimentos das morcilhas, chouriços e linguiças. A criançada não fazia nada, só brincava, mas de vez ou outra passava correndo pela cozinha, achava graça aquelas comadres tão unidas. Saudade eu tenho dos tempos em que podia subir em árvores, tomar banho no "corguim", beber leite lá no curral com minha canequinha esmaltada.
Nas noites mais frias, fazíamos uma fogueira e ficava alí em volta, assando batata e milho, enquanto papai e vovô contavam os "causos" dos tempos de criança deles. Vez ou outra eu pegava uma vareta e ficava atiçando o fogo, achava lindo aquelas faíscas que subiam. Infância feliz é mesmo assim, em liberdade e no calor dos laços da família! Hoje meu Deus, não fazem mais isso, as pessoas se encontram nos bares e butecos da vida ou ficam em casa na frente de uma televisão, onde as crianças não podem dar um "piu", caso contrário já levam bronca. É por isso que sinto saudade, uma DOCE SAUDADE, que me dói o peito e enche de lágrimas meus olhos.
Tenho certeza que pro sítio voltarei, meu suspiro derradeiro será nesse recanto cheio de saudade, dos cheiros e dos sabores de minha doce infância!