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UM CHORO PELA VIDA
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No meio do lixo”, foi o que disse a varredora de rua para o bombeiro. Um bebê lindo, olhos tão azuis quanto o céu de primavera. Mas era verão, por isso que às dezenove horas ainda havia luz do Sol quando Betse encontrou o recém-nascido.

O choro forte o livrara da morte. O calor humano o resgatara para vida. Uma mulher simples com um coração de ouro e olhos lacrimejados exibia o menino como uma bonificação pelo trabalho árduo diário. Não tinha filhos, porém, sua atitude era de uma mãe amorosa. A ternura que se fazia em seu colo, dava a impressão de que o bebê era mesmo dela, não importava a diferença de cor da pele. Ela negra. Ele bem alvo, quase um anjo com seus fios dourados.

Betse tinha no olhar o desejo de que o bebê resistisse e vivesse para poder adotá-lo. O menino demonstrava conforto nos braços dela e em seus olhinhos ávidos que fitavam sua salvadora revelavam no gesto, a vontade de viver ao lado daquela cujas mãos piedosas o preservara do triste fim.

No choro forte, o grito pela vida, a sede de viver! Devemos agir assim como o anjo no lixo. Gritar, chorar se necessário, mesmo que lutas e problemas nos sufoquem, temos que preservar essa gana de viver vencendo obstáculos a cada momento.

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