Uma paulada no cocuruto foi a sua terapia.
Ela é uma loira baixinha, discreta porém, muito popular na cidade que domina de norte a sul. Caminha com desenvoltura e elegância. Tem quinze anos. E já foi mãe três vezes.
Ela é amiga dos seus amigos no entanto sem grandes apegos. Não pertence a ninguém, a ninguém se apega, apesar de visitá-los com regularidade e até passar dias ora com um ora com outro. Todos a estimam e respeitam. Ela tem um fascínio todo especial por mecânicos e pintores de autos. Conhece vários e por eles é conhecida.
Bica é acrobata. Aprendeu sozinha. E encanta dando show de habilidade e desenvoltura.
Há 8 anos precisou de socorro médico por causa de convulsões que apareceram após o segundo parto. Foi-lhe receitado Gardenal. O medicamento a deixava lerda, sonolenta e isso preocupou a todos.
Estava em tratamento quando a viram brigando com um gato. Era miados e arranhões pra todo lado. Bica, agitadíssima tentava dominar o bichano e nada... Foi quando Elias passou a mão num cabo de vassoura e mirou na cabeça do gato no exato momento que a loira e o gato rodopiaram. A pancada foi certeira: proft - na cabeça da loira; o gato espantado saiu correndo. Elias sem saber o que fazer, simplesmente se sentou numa lata de tinta e começou a chorar, achando que havia matado Bica. O homenzarrão soluçou feito criança.
Por sorte a loira nunca mais teve convulsões. Até renovou a aparência, arrumou outro namorado e teve mais dois filhotes.
Ontem a vi caminhando toda faceira com dois homens. A chamei pelo nome. Ela estava há mais de um km da sua casa oficial. Um dos homens me olhou, sorriu e me informou: _É ela. Está conosco na oficina.
Continuei o meu caminho. Ao olhar para trás a vi rebolando; está gordinha.
Ninguém se importa que a cada dois, três dias ela simplesmente troca de endereço e não avisa nada a ninguém.
Quando de uma Oficina alguém telefona para a outra, temos notícias dela. A cadela nômade.