ARCO IRIS

ARCO IRIS


A chuva caia com intensidade, havia várias semanas. Na varanda do paiol, as galinhas empoleiradas no carro de boi, espichavam-se em riste, tentando enxugar as penas. A lama do curral escorria para os terreiros, tomando escorregadios e esverdeados pelo lodo. No aguaceiro da várzea, as rãs, batucavam variadas partituras.
Ao sul, a neblina em formato plumas, subia sobre a restinga ciliar do rio na direção de sua nascente. Ao oposto no lado norte cúmulos e cirros alongando-se em extratos, corriam sobre as arvores, na verdejante franja do longínquo horizonte. De repente uma fenda se abre no nevoeiro, sorrindo o sol aparece. Um lindo e gigantesco arco Iris se forma.
Esbaforida grita a menina: -- manheeeê! Venha ver o arco da velha bebendo água, bem ali na cacimba do bambuzal! – e em disparada tenta ultrapassá-lo. Enquanto a mãe no seu encalço a repreende, por estar se expondo ao temporal sujeita apanhar um resfriado.
Momento em que ela revela a mãe seu grande desejo em trocar de sexo tomando-se, homem.
Segundo a crença sertaneja aquele ou aquela que passa debaixo do arco Iris trocará de sexo na hora. Ao vê-lo tão perto ela tenta realizar seu sonho. Mas naquele momento o nevoeiro cobriu novamente o sol, e mais uma oportunidade se perde..
Geraldinho do Engenho
Enviado por Geraldinho do Engenho em 22/09/2009
Reeditado em 28/04/2018
Código do texto: T1825402
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