SINCRETISMO NA FÉ E NA FORMA

Pude ver hoje, 20 de setembro de 2009, um grande espaço tomado pela democracia religiosa em um único lugar. Este evento ocorreu na orla de Copacabana e permitiu-me compreender um conceito maior sobre a fé, um conceito que muitos povos no mundo ainda não aprenderam a aceitar: a mescla de culturas religiosas em um mesmo espaço, na busca de um mesmo objetivo, na procura de uma felicidade individual ou coletiva e na fé unívoca de um povo, muito embora esteja esse povo dividido e organizado em grupos de etnias religiosas diferenciadas.

Não pude deixar de observar alguns grupos com seus ritos e simbologias, que chamavam a atenção e prendiam qualquer pessoa que prime pela contemplação entre o belo e o contagiante, entre o cerimonioso e o cauteloso, entre o profano e o sagrado, se é que compreendemos o que realmente se deveria entender-se como sagrado.

Uma verdadeira e completa integração entre religiões e seitas religiosas diversificadas. Cada grupo ostentava suas vestes, seus estandartes, seus turbantes e suas oferendas, através dos cânticos, das batidas de seus tambores, dos gestos e das danças de seus adeptos e de todos aqueles que pela fé ou pela alegria de ver essa confraternização acompanhava o cortejo.

Pude distinguir alguns grupos como: o dos católicos, grupo dos espíritas, grupo dos umbandistas, grupo dos hare krishna, grupo de candomblé, grupo de afoxé, grupo cigano entre tantos outros, unidos em defesa de suas ideologias e contra a intolerância, o preconceito e a descriminação religiosa.

Isso é bonito de se ver em um país de dimensões continentais como é o nosso Brasil, que aceita e acolhe pessoas de todo o mundo, sem distinção de cor, de raça e de credo. O Brasil é um espaço onde todos podem ao mesmo tempo conviver e ser feliz.

Que esse conclave sirva de exemplo para os quatro cantos da terra, e mostre que podemos ser e viver felizes ao mesmo tempo em um mesmo lugar, pois no final das contas, somos todos seres humanos, originários de uma mesma matéria: o pó, de onde viemos e para onde iremos.

Que essa grandiosa fé nunca se afaste de nós brasileiros: seres humanos mesmo recônditos, de todos os recantos da terra.

Rio, 21/09/2009

Feitosa dos santos