O amor em tempos modernos

Tem palavra mais antiga que moderno?

Juro que não! ( O T-Rex avisa que jurar é uma forma muito irresponsável de se afirmar nas próprias razões. - telascar, dinossauro chato!)

E amor, então? Tem palavra mais antiga? Não creio.

Desde que o homem aceitou sua condição de animal evoluído, a palavra amor virou conceito que a maioria acha que sabe o que é, de fato.

Mas, parafraseando o Evangelho segundo o Espiritismo, digo: a pobreza da linguagem humana resume os mais vários sentimentos nessa única palavra.

Partindo da hipótese que:

Maria, criada em berço tradicional, tem incutido em sua cultura que, uma mulher para ser realizada tem que ter um homem do lado. Senão é a solteira, a tia, a fracassada, a sapatona, a seca, a vitalina...e por ai vai. Não importa se é uma bem sucedida médica/engenheira/chef de cozinha/executiva/professora, etc. Não interessa se tem renda própria, vantagens como viagens e intercâmbio.

Quando está em família ou com os amigos mais próximos, se vê cercada de casais. (Alguns estão se matando, se odiando, mas estão em pares - como jarros - e vivem o "amor".)

Ter uma eventual companhia, legal e divertida, sem compromisso, não serve. Ai vira a rapariga, a quenga, a puta, a chibateira. É vista com desconfiança pelas outras mulheres, com liberdade inadequada por alguns homens.

Aí, a Maria passa a acreditar que vale menos, por que não tem um "amor". E, em geral, se amarra à primeira "táboa bichada" que encontra, para se aborrecer enormemente.

Amor = medo de ficar sozinha.

João, é um sujeito legal. Assalariado, o que ganha mal dá para sustentar a si mesmo com conforto. Mora mal, não tem carro (quando muito um "pelo menos" só pra não andar de busão) e nenhuma prespectiva de melhorar de condição. Mas, sonha com aquele "amor" que as músicas sertanejas e os pagodes falam.

Ele sonha, sonha muito e arrasta, mais das vezes inadvertidamente, para esse sonho uma incauta, que será empregada de dupla jornada: vai trabalhar fora, lavar, passar, cozinhar, cuidar da casa, etc. sem direito a lazer. Que vai ter filhos sob os quais ele, possivelmente, terá responsabilidade mínima.

Na impossibilidade de comprar um carro novo, é possível que troque a mulher por uma de "modelo" mais atual, ou atrevidamente terá uma amante, a quem fará questão de "sustentar".

Amor = empregada grátis para todo o serviço.

José (ou Joana) é gay, ou pelo menos acha que é. Vive aqui, num dos países mais homofóbicos que existem no planeta, por isso não assume. A família, se descobre, mata e arrebenta. Com medo, vive escondendo sua condição e por isso, "se apaixona" de cinco em cindo dias, no mínimo. Ou se fixa, numa paixão impossível ou claramente perturbadora; arruma "namorados" aproveitadores, sádicos, impossíveis de se conviver. Só se encontram no escuro ou no extremo reservado. Normalmente desenvolve um "ciúme" doentio, um "romantismo" incurável, vive insatisfeito por que não é correspondido como deseja. Sofre, entra na "fossa" (como se dizia muito antigamente) eterna, se deprime, fica agressivo.

Amor = solidão + falta de apoio familiar.

Antonia, é bonita e jovem, mas por acreditar que só será feliz e realizada se "for" de alguém, arruma um sujeito agressivo e violento, que faz dela o saco de pancadas onde descarrega sua falta de coragem, sua insegurança, suas taras. Mas, ela não deixa, por que ele - após a surra - chora, se mostra arrependido, jura amor, mostra remorso (pelo menos até a próxima surra e no começo da relação, depois nem isso).

Amor = dependência psicológica.

Sebastião é corno. Corno indo e voltando. Corno sem fim (nasce, cresce, morre e reencarna corno). Mas, não deixa a mulher - as desculpas são várias - queixa-se, chora, agride, mas não deixa.

Amor = tara, masoquismo, sadismo, dependência psicológica.

Eu acredito no amor. No que liberta, no que evolui, no que acalma, no que produz alguma coisa de bom. No amor sem igual.

Ainda falta um bocado para que o amor deixe de ser cantado em verso e prosa, deixe de vender livros e filmes e passe a ser realidade. Enquanto isso, vamos amando quem a gente ama, sem se deixar subjugar, prender, escravizar. Vamos aceitar que as vezes não acontece e nisso não há desespero. Vamos ser amigos. As vezes um amigo bom ou uma amiga de fé é melhor que um amor ruim. Sexo faz parte, mas é só uma parte (e até onde eu sei, não precisa "amar" pra fazer sexo, só ser sincero no propósito), sobretudo, se você tem mais de 25 anos.

Por menos promessas e mais realidade. Avisa que só quer sexo, amizade ou companhia e que não é para sempre. Enganar a si mesmo e aos outros é feio e bobo, um dia a mentira aparece e todo mundo fica muito decepcionado, inclusive quem contou.

Não sabe como fazer isso? Psicólogo, terapeuta, é uma coisa boa, mas sobretudo, uma dose extra forte de realidade - essa mulher feia, velha e manca, que joga tijolos de seis furos na gente, de vez em quando - dói, mas é para o nosso bem.

Ah! sim. Esqueci de dizer que fugir da realidade é uma das piores formas de buscar amor. Essa tem a capacidade de afundar qualquer um num poço escuro e fétido, de autopiedade.

Pra mim, pelo menos, amor=alegria e liberdade.

O T-Rex está aqui se divertindo. Ele pergunta se alguém mais no mundo pensa assim.

- Sei lá! Eu penso.