O AMOR QUE DÁ CERTO
Por Carlos Sena
Por Carlos Sena
Querer o que não se pode é imperativo à infelicidade. Ser feliz custa pouco e deve estar ao alcance das mãos, partindo do princípio de que ao alcance da mão devem estar todos os desejos, sonhos e objetivos configurados na lógica do possível. Dá trabalho? Claro que sim! O possível não significa a inércia dos fatos, nem dispensa expectativas de alcance. O "querer" nutre a possibilidade de satisfação e realização pode estar em nossa frente, mas nem sempre entendemos a vida pelo seu lado mais óbvio, como se o melhor das coisas residisse em seus mistérios. Descobrir valores que nos cercam, pessoas inteligentes que nos rodeiam, seres libérrimos que circulam conosco, lugares bonitos em recantos da cidade cheios de mimos, praças bucólicas, gentes diferentes e cheias de encantamento, são aspectos importantes na feitura das nossas trilhas existenciais.
Prefiro entender a felicidade como um "estado de espírito". Diferente daquela felicidade em que os romances e a própria história cheia de aventuras e mitos se encarregou de nos parametrizar. Focando no lado do amor, busquemos um amor "preto no branco" que nos possa perenizar diante de nós, a despeito de todo o trabalho que tenhamos que depender. Um amor com todas as fases como a própria vida, mas que seja capaz de nos tornar maiores na relação. Que tenha erros e acertos, mas que, quando no erro não se afaste o RESPEITO nem o sentido das diferenças próprias do convívio entre diferentes. E, quando no acerto, conduza o sentimento da certeza de que somos feitos um para o outro, desde que nenhum dos dois saiba disto. E, em sabendo, procure fingir o suficiente para não se aproveitar do êxtase que isto deixa. Queiramo-nos felizes naturalmente, isentos de quaisquer fantasias provocadas por estereótipos. Nesse viés saberemos crescer a dois, aprenderemos como se constrói uma relação autêntica. Assim, imagino que seguiremos na trilha que nos surpreenderá sempre com momentos bons e ruins, mas na certeza de que em cada um deles teremos resiliência suficiente para extrair o que de melhor puder ser alcançado. Necessário exercitar um pouco da lógica do "fazer do limão uma limonada" e nunca esquecer que depois da tempestade vem sempre a bonança.
Não se interage nos meandros do amor sem que um contexto se explicite na sua forma. O princípio é ser ele um "estado de espírito" que, como tal, carece de suprimento, de conceitos subliminares na configuração do afeto. Talvez a natureza humana não esteja muito atenta ao afeto, ao companheirismo, à lealdade como pigmentos importantes na amorização. Talvez mesmo alguns precisem aprender a amar, pois quando se apaixonam logo se "apaichocam", por tudo que a paixão avassaladora provoca. Evidente que não defendemos o amor na dimensão da burocracia, até porque jamais haveria um curso para estes ensinamentos. Dito diferente, amar se aprende naturalmente no exercício do ceder, do recuar, do perdoar, enfim, do compreender! Seu custo é a dureza do cotidiano, da rotina, dos estímulos repetidos, do "todo dia ela faz tudo sempre igual, e se acorda às seis horas da manhã, me sorri um sorriso pontual e me beija com a boca de hortelã, bem Chico Buarque de Holanda. Diferente das fases iniciais de namoro em que colocamos a melhor roupa para ver a outra pessoa, o melhor perfume, sempre primando para não passar nossas fraquezas ou insucessos para o outro. No cotidiano a dois cai o pano! Aos poucos vê-se, com a convivência, que somos ídolos de pano, pavões armados sob plumagens belíssimas, mas que não são o suficientemente belas para esconder pra sempre seus horrorosos pés...
Por isto é que defendemos um amor ao alcance das mãos. Aquele que está na esquina do meu bairro, no ônibus, no colégio, na igreja, em qualquer lugar que meus sonhos estejam, "na rua, na chuva, na fazenda, ou numa casinha de sapê"... Pode estar na Europa também, mas neste contexto.
Àqueles cujos amores se encontram debaixo da linha do Equador, que pena, que dor, que falta de Eco, mas há dor.
CARLOS SENA, DOS ARRE(DORES) DE BOA VIAGEM, NO RECIFE-PE.
Prefiro entender a felicidade como um "estado de espírito". Diferente daquela felicidade em que os romances e a própria história cheia de aventuras e mitos se encarregou de nos parametrizar. Focando no lado do amor, busquemos um amor "preto no branco" que nos possa perenizar diante de nós, a despeito de todo o trabalho que tenhamos que depender. Um amor com todas as fases como a própria vida, mas que seja capaz de nos tornar maiores na relação. Que tenha erros e acertos, mas que, quando no erro não se afaste o RESPEITO nem o sentido das diferenças próprias do convívio entre diferentes. E, quando no acerto, conduza o sentimento da certeza de que somos feitos um para o outro, desde que nenhum dos dois saiba disto. E, em sabendo, procure fingir o suficiente para não se aproveitar do êxtase que isto deixa. Queiramo-nos felizes naturalmente, isentos de quaisquer fantasias provocadas por estereótipos. Nesse viés saberemos crescer a dois, aprenderemos como se constrói uma relação autêntica. Assim, imagino que seguiremos na trilha que nos surpreenderá sempre com momentos bons e ruins, mas na certeza de que em cada um deles teremos resiliência suficiente para extrair o que de melhor puder ser alcançado. Necessário exercitar um pouco da lógica do "fazer do limão uma limonada" e nunca esquecer que depois da tempestade vem sempre a bonança.
Não se interage nos meandros do amor sem que um contexto se explicite na sua forma. O princípio é ser ele um "estado de espírito" que, como tal, carece de suprimento, de conceitos subliminares na configuração do afeto. Talvez a natureza humana não esteja muito atenta ao afeto, ao companheirismo, à lealdade como pigmentos importantes na amorização. Talvez mesmo alguns precisem aprender a amar, pois quando se apaixonam logo se "apaichocam", por tudo que a paixão avassaladora provoca. Evidente que não defendemos o amor na dimensão da burocracia, até porque jamais haveria um curso para estes ensinamentos. Dito diferente, amar se aprende naturalmente no exercício do ceder, do recuar, do perdoar, enfim, do compreender! Seu custo é a dureza do cotidiano, da rotina, dos estímulos repetidos, do "todo dia ela faz tudo sempre igual, e se acorda às seis horas da manhã, me sorri um sorriso pontual e me beija com a boca de hortelã, bem Chico Buarque de Holanda. Diferente das fases iniciais de namoro em que colocamos a melhor roupa para ver a outra pessoa, o melhor perfume, sempre primando para não passar nossas fraquezas ou insucessos para o outro. No cotidiano a dois cai o pano! Aos poucos vê-se, com a convivência, que somos ídolos de pano, pavões armados sob plumagens belíssimas, mas que não são o suficientemente belas para esconder pra sempre seus horrorosos pés...
Por isto é que defendemos um amor ao alcance das mãos. Aquele que está na esquina do meu bairro, no ônibus, no colégio, na igreja, em qualquer lugar que meus sonhos estejam, "na rua, na chuva, na fazenda, ou numa casinha de sapê"... Pode estar na Europa também, mas neste contexto.
Àqueles cujos amores se encontram debaixo da linha do Equador, que pena, que dor, que falta de Eco, mas há dor.
CARLOS SENA, DOS ARRE(DORES) DE BOA VIAGEM, NO RECIFE-PE.